sexta-feira, 9 de novembro de 2012


"Todos temos dentro de nós uma insuspeita reserva de força que emerge quando a vida nos põe à prova."
Isabel Allende in A Ilha Debaixo do Mar

Isabel Allende nunca me deixa indiferente. Aprendo sempre algo com as suas protagonistas. Mulheres fortes e destemidas que enfrentam as vicissitudes da vida com a coragem só pertencente aos audazes. Mães guerreiras, amantes fervorosas, mulheres sonhadoras, donas de casa sábias. Não fosse Isabel Allende, também uma lutadora, guerreira e sobrevivente. Sobreviveu a uma ditadura, e pior do que qualquer ditadura ou holocausto, sobreviveu à morte de uma filha. Admiro-a pela escrita, pela força e pela doçura. Já o disse e volto a repetir, é-me impensável sobreviver ao meu filho, sou incapaz de me visualizar sendo uma mãe órfã, por isso admiro as mães que enfrentam tamanha perda com a doçura da sabedoria.

Penso sempre nas mães dos filhos que se perdem para Deus e dos que se perdem na vida. Visto-lhes a pele e sinto-lhes o sofrimento, choro por elas e pelas sua inestimáveis perdas. Acredito que a nossa existência não se fica por aqui. Acredito que somos seres essencialmente espirituais e que um dia nos encontraremos com os nossos amores e desamores numa outra dimensão, que está para além da nossa imaginação, mas prefiro ser eu a esperar pelo meu bem mais precioso nesse tal lugar que nunca ninguém viu, não vá o diabo tecê-las e sermos apenas uns bonecos articulados nas mãos de Alguém. Até lá, o que eu quero mesmo é que as minhas cordas se articulem com as cordas dos meus, e preferencialmente com as suas cordas, as do meu filho, e viver cada dia na sua companhia.