Entendo a inveja como o trunfo no jogo da sueca. Podemos ter o melhor jogo em mãos repleto de Ases, Reis e Manilhas, mas de repente numa jogada supostamente a nosso favor o adversário deita a última carta e zás! Um pequeno e insignificante dois de Copas, invejoso como ele só, arrasa com o nosso sumptuoso e brioso Ás de Espadas que guardámos com tanto zelo com o intuito de fazer a jogada da noite e arrecadar mais uns quantos pontos numa só vaza.
Era assim que eu me sentia! Arrasada para o resto do dia, quando percebia que eu e os meus, éramos alvo da mais ínfima inveja alheia.
A inveja é a soberana dos sentimentos nocivos e medíocres. É a doença dos coitados e dos infelizes. Dos intriguistas e dos alcoviteiros. Dos descrentes e dos desgraçados. E infelizmente a grande maioria dos Homens, os ditos seres inteligentes, sofrem exageradamente desta patologia! Nunca vi um gato, um cão ou um periquito invejar fosse quem fosse ou o que fosse! Será que somos assim tão inteligentes?! Ou somos apenas estupidamente arrogantes?!
Sei de famílias e amizades desfragmentadas devido a esta maleita pegajosa e epidémica, que contagia e corrompe até o mais inocente dos seres. Existe inveja para todos os gostos e feitios. Inveja do êxito profissional do irmão, inveja da ascensão social do primo, inveja da posição social e económica do tio, inveja por a coisa do vizinho (não interessa o quê) ser maior ou melhor do que a minha, inveja…, inveja…, inveja…, etc.
Contudo, quem nunca sentiu uma pontinha de inveja? Eu já senti! Sempre desejei ter umas pernas iguais às da Heidi Klum, a altura da Malu Mader e ser uma Pop Star como a Madonna.
Existe um tipo de inveja salutar e benigna à qual eu prefiro referir-me de desejo. Desejar o que é belo e atraente, desejar ter ou ser algo melhor não é preocupante e muito menos nocivo. Nocivo é desejar o que é alheio ao mesmo tempo que se desdenha, é criticar o que é belo e atraente e desejá-lo ter ou ser, é censurar a felicidade alheia e desejar senti-la, é criticar invés de elogiar.
Pessoalmente, já ultrapassei aquela fase em que os maliciosos dois de Copas me deixavam mazelas e abriam feridas profundas e difíceis de sarar. Estou vacinada contra essa pandemia. Já passei à fase em que minha indiferença os expulsa naturalmente, e talvez por isso tenha tão poucos amigos e tantos conhecidos. Tornei-me apologista da velha máxima “mais vale poucos mas bons!”.
E a vocês, Srs. Poucos e Sras. Poucas, MAS BONS E BOAS, o meu bem-haja e a minha amizade sincera e genuína! (Vocês sabem quem são!)