Depois da intempérie vem a bonança. Nada melhor se coaduna com a minha gravidez do que esta velha máxima.
O enjoos, as náuseas e todo o tipo de indisposições varreram-se. A não ser nos dias em que como que nem uma alarve e depois toca de beber água das pedras que o amoroso do papá se predispõe sem demoras a ir comprar ao café mais próximo.
É bem certo que os desejos insaciáveis por vários tipos de guloseimas e outras comezainas, patuscadas, e afins não me largam. A insaciabilidade não me deixa descansar, sinto-me permanentemente vazia, toda a hora à espera que um bom prato de lasanha, ou até mesmo uma asquerosa mão de vaca, me sacie desta sofreguidão.
Por enquanto, esta voracidade ainda não se tornou num problema de maior. Apesar dos nove pastéis de bacalhau devorados num tempo recorde de cinco minutos, dos cozidos à portuguesa, das mousses de chocolate e dos bacalhaus com natas, ainda só engordei dois quilos e já vou em cinco meses de gravidez. Ou seja, está tudo a correr sobre rodas. O nosso nequinhas é um bebé perfeitinho e está a desenvolver-se muito bem e eu estou óptima, apesar de nenhum dos meus jeans passar do traseiro para cima. (acho que os dois quilos alaparam-se todos no rabo!).
Posso dizer que estaria a viver uma gravidez santa, e tudo estaria perfeito, não fossem as dolorosas saudades que temos do papá. Ninguém imagina a falta que ele nos faz. Os infinitos telefonemas e as conversas online nunca são suficientes. Os fins-de-semana parecem sempre curtos e nunca chegam para matar as saudades da sua sempre boa disposição, do seu imenso amor, carinho, amabilidade e preocupação. Na última das três noites em que nós os três partilhamos o nosso cantinho, sofro por antecipação de uma semana que se adivinha vazia e triste, repleta de saudades só confortada pelas boas lembranças.
Parece que durante os cinco dias e quatro noites da sua ausência a minha vivência torna-se incompleta, mutilada por uma viagem que, apesar de, ter regresso com data e hora marcada, é penosa. Fica-me a faltar o meu braço direito, o meu ombro amigo, o meu conforto, o lado direito do meu coração.
É o trio que não está junto!