Sou paciente. Pois sou.
Já fui bem menos. Pois fui! A maternidade trouxe-me essa qualidade, além de
muitas outras. Mas até uma santa se cansa. Pois cansa!
Não gosto de ser
ríspida, não gosto do confronto, não gosto dos que se escondem atrás da frontalidade
para maltratar e rebaixar, não gosto de ser desagradável. Sou educada e trato o
próximo como gostaria que me tratasse. Tento demonstrar através dos meus atos o
tratamento que gosto e que quero para mim.
Mas caramba, existem
pessoas que extrapolam tudo o que é permitido, ultrapassam todos os limites
permitidos e eu, que não gosto de ser mal-educada, aliás não consigo ser de
outra forma, não me sai naturalmente uma má resposta, tenho de fazer um esforço
ínfimo para chamar o outro à atenção, vou aguentando com um sorriso amarelo e
com palavras amáveis tento demonstrar o meu incómodo.
Bom adiante, desde que o
meu rapaz pequeno nasceu que uma dita senhora, assim como alguns empregados do
restaurante que frequento com bastante assiduidade massacravam o miúdo, diria
mesmo que o torturavam. Contrariavam-no, tiravam-lhe os brinquedos,
escondiam-lhe o gelado, faziam-lhe cócegas. Resumindo, o miúdo não podia estar
sossegado a jantar que havia sempre uma alminha que se metia com ele para o
arreliar. A ELE E A MIM!, que detesto esses comportamentos. Era um regabofe do
caneco. Eu e o meu Di e a minha família éramos os palhaços e eles a audiência. O
menino tinha pesadelos, ficava endiabrado e super enervado, tinha dificuldade
em adormecer, enfim só contras, que me punham a pensar seriamente em deixar de
frequentar tal restaurante.
Depois de mais um jantar
em que comi nervos ao invés da posta de pescada com brócolos que tinha do
prato, no dia seguinte a dita senhora teve a lata de me preguntar com um
risinho malicioso se o “puto teve pesadelos?”.
Pois bem, eu avisei-a de todas as maneiras
delicadas e mais algumas, ela não quis saber, achava-se superior, preferia
continuar a despejar a inveja e a maldade que sente em cima do meu filho, então
catrapumba, aqui vou eu. E FUI! Com tudo!
Já não me lembro o que
lhe disse, mas tenho a certeza que não fui mal-educada, fui digamos frontal
(como ela se gaba de ser!), direta e não lhe falei com a gentileza do costume,
fui áspera. Ela mudou duas vezes de cor, como se tivesse bebido duas garrafas
de vinho, mesmo antes de almoçar, revirou os olhos, sentiu-se envergonhada por
eu, alguém inferior à sua pessoa, tê-la metido no lugar que ela merecia.
Custou-me tanto, mas
sortiu efeito. Fala-me mal, só o estritamente necessário, (afinal só gosta de frontalidade
quando é ela a frontal!), mas também não me faz falta que me fale bem, quero lá
saber, e o melhor de tudo é que serviu de exemplo para todos os outros que
também abusavam. Agora já podemos jantar descansados. YESSSS. (puxei o braço
atrás.)J