Há dias ouvi o Alvim dizer que prefere a paixão ao amor. Esta
afirmação não me saiu da cabeça, durante o resto da noite. Revi-me e
redescobri-me nela. Em segundos revi a minha vida e percebi tantas coisas que
até então me pareciam incompreensíveis. De facto prefiro a paixão ao amor,
prefiro o ardente ao morno. Não sou de meios-termos, quero o tudo ou o nada, o
assim-assim não me agrada. Preciso da explosão, gosto da retaliação, irrita-me
a mesmice. Necessito do sentimento arrebatador, ofuscante e viciante da paixão.
Apaixono-me com facilidade, não interessa se por alguém ou por algo, se por um
projecto ou um ideal, ou até por um livro ou uma música, isso não importa pois percebi
que o que desejo é o sentimento de êxtase só sentido quando me apaixono.