Como
seriam as férias perfeitas?
Estou numa sala enorme de formato oval e estilo colonial, com
um pé direito de perder de vista, cujas paredes forradas de estantes estão
repletas de belos originais de magníficas obras lidas por muitos mas tocadas
por poucos. Subo o escadote de acesso a uma das estantes e deparo-me com “O Crime de Lord Arthur Saville”. Nem
quero acreditar que tenho na mão um manuscrito de Oscar Wilde! – Meu Deus que
privilégio! – Penso atordoada, com o que os meus olhos vislumbravam. Um pouco
mais ao lado chama-me a atenção um outro livro que pego com cuidado. A capa amarelada
que denuncia a sua antiguidade tem como titulo “Os Lusíadas”. A primeira edição
da obra.
Enquanto
desço o escadote até chão firme, reparo nas portadas de acesso ao terraço donde
sobressai o chão de madeira brilhante de tão encerado. Saio lá para fora e sou
abocanhada pelo cheiro intenso a maresia. À minha frente, uma baia de águas
mansas azul-turquesa e areia dourada. Oiço umas gargalhas que me despertam do
entorpecimento em que me encontro. Desvio o olhar para a outra ponta e vejo uma
criança e um homem a correrem sobre o manto de areia fina. É o meu filho e o
meu marido. Parecem-me felizes. Chamo-os mas não me ouvem. Estão entretidos nas
brincadeiras.
-Bom
dia. – Sou interrompida por uma mulher negra, descalça, que segura uma toalha
branca.
-
Bom dia. – Respondo, surpreendida enquanto lhe aprecio os pés muito bem
desenhados de calcanhares hidratados.
-
Está na hora da massagem. – Diz sorridente.
-
Onde estou? – Pergunto-lhe.
-
Está a gozar as suas férias de sonho. – Responde-me com o mesmo sorriso donde
sobressaem os dentes brancos que fazem pendant
com ao toalha.
Aponta
para uma marquesa sofisticada, onde me deito de barriga para baixo. Coça-me as
costas e a cabeça com as pontas dos dedos até que eu adormeça. Alguém a informou
que são os meus pontos fracos.
Acordo
e percorro o resto da casa, oiço de novo o riso contagiante do meu filho.
Lanço-me no seu encalce. Entro numa sala adornada por uma mesa repleta de iguarias
deliciosas e sento-me ao seu lado. Empanturramo-nos descontraidamente enquanto
partilhamos as nossas vivências na ilha de Richard Branson.
-
Que tal estão a ser as vossas férias de sonho? – Somos interrompidos por um
homem de barba. É ele, o dono da ilha.
-
Inesquecíveis.- Respondemos em uníssono.
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