"Todos temos dentro de nós uma insuspeita reserva de força que emerge quando a vida nos põe à prova."
Isabel Allende in A Ilha Debaixo do Mar
Isabel Allende nunca me deixa indiferente.
Aprendo sempre algo com as suas protagonistas. Mulheres fortes e destemidas que
enfrentam as vicissitudes da vida com a coragem só pertencente aos audazes.
Mães guerreiras, amantes fervorosas, mulheres sonhadoras, donas de casa sábias.
Não fosse Isabel Allende, também uma lutadora, guerreira e sobrevivente.
Sobreviveu a uma ditadura, e pior do que qualquer ditadura ou holocausto,
sobreviveu à morte de uma filha. Admiro-a pela escrita, pela força e pela
doçura. Já o disse e volto a repetir, é-me impensável sobreviver ao meu filho,
sou incapaz de me visualizar sendo uma mãe órfã, por isso admiro as mães que
enfrentam tamanha perda com a doçura da sabedoria.
Penso sempre nas mães dos filhos
que se perdem para Deus e dos que se perdem na vida. Visto-lhes a pele e
sinto-lhes o sofrimento, choro por elas e pelas sua inestimáveis perdas.
Acredito que a nossa existência não se fica por aqui. Acredito que somos seres
essencialmente espirituais e que um dia nos encontraremos com os nossos amores
e desamores numa outra dimensão, que está para além da nossa imaginação, mas prefiro
ser eu a esperar pelo meu bem mais precioso nesse tal lugar que nunca ninguém
viu, não vá o diabo tecê-las e sermos apenas uns bonecos articulados nas mãos
de Alguém. Até lá, o que eu quero mesmo é que as minhas cordas se articulem com
as cordas dos meus, e preferencialmente com as suas cordas, as do meu filho, e
viver cada dia na sua companhia.
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