Ontem de manhã estava a rodar canais e parei na TVI quando me
pareceu ver a Helena Sacadura Cabral. Fiquei incrédula, dias após a morte do
seu filho Miguel, e lá estava a Helena com o seu enorme sorriso, que tão bem a
caracteriza, sentada entre o Mário Zambujal e a Júlia Pinheiro. Ainda pensei
que o programa teria sido gravado, mas depressa a duvida se dissipou quando vi
a palavra Directo.
Como conseguia a Helena estar ali em amena cavaqueira depois
de tamanha perda? Pensei como me sentiria perante a perda de alguém que eu
amasse muito. Mas nunca o meu filho. Isso para mim é impensável, não me consigo
ver a sobreviver ao meu querido Di, e olhem que acredito que a nossa existência
não acaba aqui. Acredito que somos seres essencialmente espirituais e que quando
fisicamente nos extinguirmos nos encontraremos com os nossos mais queridos (e
com os menos, também!) em alguma parte deste enorme universo. Mas prefiro ser
eu a esperar por ele nesse tal lugar, que nunca ninguém viu, não vá o diabo
tecê-las.
Pensei na morte do meu pai, da minha mãe, do meu irmão e do
meu marido, as pessoas mais importantes da minha vida. Em como seria doloroso
perde-los. Em tempos desejei morrer primeiro que todos eles, para não ter que
passar por tanto sofrimento, mas após o nascimento do meu filho tudo mudou.
Quero vê-lo crescer e tornar-se num homem essencialmente feliz, para além de
tudo o que possa vir a conquistar.
Da incredulidade passei à admiração. Admirei a Helena pelo
exemplo de força interior e especialmente pela doçura. Sim, acho que é preciso uma
paz de espirito e uma força interior inabalável para se enfrentar a morte de um
filho com tamanha doçura. É preciso já se ter vivido o bastante para se atingir
o patamar que a Helena atingiu, é preciso conseguir aceitar a dor que a falta física
nos proporciona e fundamentalmente, é preciso perdoar quem nos abandonou e
decidiu partir, ainda que inconscientemente.
Só um aparte, acho que a Helena acredita que o diabo não vai
tece-las! E quem acredita, consegue.
Sem comentários:
Enviar um comentário