Ontem dei comigo a pensar numa aula de português do
secundário em que debatíamos o tema “Droga”. Lembro-me especialmente de uma colega,
que no apogeu da sua autoconfiança, com apenas 16 anos de idade, disse: “Se eu
tiver um filho toxicodependente, prefiro vê-lo morto a vê-lo nessas figuras.”
Nunca mais me esqueci da sua expressão convicta e arrogante de
quem tudo sabe, de quem parece já ter vivido uma vida longa cheia de
dificuldades e infelicidade. Pior que esta opinião imatura foi a minha digníssima
aprovação.
Estúpidas! Burras! Envergonho-me até hoje. Quando somos
adolescentes achamos que sabemos tudo acerca do mundo, acerca dos sentimentos,
que o que já vivemos basta-nos para formar opiniões sobre a vida real, sobre
esta profissão que tem tanto de compensatória como de exigente: ser mãe.
Que ingenuidade pensar-se que aos 16 anos pode-se saber o que
faremos aos 30 ou aos 40. Que ingenuidade pensar-se que aos 20 anos já sabemos
o essencial da vida. Aliás, nem aos 20, nem aos 30, nem aos 60, saberemos o que
é o alimento mais saboroso da vida se nunca provarmos este doce sentimento que
nos sacia o coração e nos alimenta a alma. Que nos dá força e poder, que nos
mantém humildes e crentes perante a força de Deus.
Quando penso no futuro
do meu filho vejo-o casado ou solteiro, com filhos ou sem filhos, heterossexual
ou homossexual, engenheiro ou bate-chapas, cantor ou actor, tanto faz, não
importa as escolhas que tomar, as suas opções são assunto dele, o que apenas
desejo é que seja essencialmente feliz e saudável.
Estarei lá sempre que ele necessitar de amparo e de amor
redobrado, triplicado, quadruplicado. Tentarei impregnar a sua mente e o seu
coração de afeto, de bondade e fé, pois são as armas mais preciosas para
combater este mundo duro e cruel, cheio de armadilhas e embustes. Por isso
afirmo com a firmeza destemida só de quem é mãe, que ficarei sempre do seu lado
para o que der e para o que vier.
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