Até à data ainda só tinha deixado um livro a meio. Tentei
lê-lo vezes sem conta, esforcei-me, levei com o dito na cara, cada vez que
adormeci com ele nas mãos, (e pesado que ele era!), tentei várias vezes iniciar
a leitura na primeira página na esperança que alguma palavra anteriormente
despercebida me estimulasse naquela luta, mas não CON-SE-GUI. Desisti e encostei-o
na prateleira. Anos mais tarde voltei a pegar-lhe e voltei a encosta-lo à box.
Penso até, que o dei a alguém.
Nunca mais me tinha acontecido nada parecido, esforcei-me
sempre por acabar a leitura de todos os livros que iniciei, mesmo aqueles que
não me despertavam muito interesse. Era incapaz não terminar um livro, sentia
como que um peso na consciência, algo pendente que urgia um fim, mas
infelizmente voltou-me a acontecer. É verdade, andei durante dois meses a
tentar ler um livro e não consegui sair do meio. Desisti, porque a minha mente
também mudou. Não tenho tempo para perder com coisas de que não gosto e por
isso parti para outro. Um outro que andava para ler há muito tempo, da minha
adorada Isabel Allende que nunca, nunca me deixa mal.
O Perfume nunca mais o vi e o outro, cujo título nem sequer
consegui memorizar, fica muitíssimo bem na prateleira do fundo.
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