O
Sr. Di meu filho, hoje portou-se como um homem valente. Assim como…, deixa lá
pensar num tipo mesmo valente. Ah já sei, o Super-Homem. Hoje o Sr. Di, meu
filho, passará a ter a alcunha de Super-Homem.
Foi
dia de fazer análises ao sangue, o rapaz pequeno foi picado e sugado por uma
seringa apetrechada de uma agulha gigante e gorda e nem pestanejou, nem uma
lágrima lhe caiu. Eu apertei-o com força à espera que o pior acontecesse. Sei lá,
que chorasse em alto e em bom som, que pontapeasse a enfermeira, que se
atirasse para o chão, que a enfermeira tivesse de repetir a picada duas ou três
vezes, algo mesmo mau, mas nada disso aconteceu, o meu filho comportou-se como
o Super-Homem se comportaria, um valente homenzarrão. Foi mais difícil
arrancá-lo de casa sem beber o seu “eiti” (tradução: Leitinho), do que fazer a
colheita de sangue. Quando foi picado apenas murmurou, “mamã”, eu apertei-o
contra o peito, beijei-o e senti uma dor terrível no coração. Quando vi a
seringa cheia de sangue quase desmaie e ele ali, teso e risonho a olhar para uma
agulha cuja metade estava escondida dentro da sua veia.
Que
corajoso que é o meu menino – pensei.
Como
prémio trouxe-o comigo para o trabalho, o seu local de eleição, “a oina do abô”
(tradução: a oficina do avô). Delirou quando entrámos no portão, correu para o
avô e abraçou-o com força, deu-lhe os miminhos do costume e mostrou-lhe troféu,
o penso onde estava a picada.
Hoje
reaprendi duas grandes licções que o meu grande amor me relembrou, mas que de
vez em quando eu me esqueço: o meu filho supera sempre as minhas expectativas e
nunca sofrer por antecipação, pois a realidade é sempre muito melhor.
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