Quando tinha 25 os 35 estavam longe, muito longe. Pensei que,
quando aqui chegasse teria a minha vida toda resolvida, todos os sonhos concretizados
e seria só e apenas vivê-los e viver a vida. Quando tinha 15 olhava a mãe da
minha amiga S, acabada de ficar viúva e achava-a uma senhora de idade avançada
e doida porque arranjara um namorado. “Como podia ser, já tinha idade para ter
juízo” – pensava altaneira.
Hoje, com 35 tenho a cabeça cheia de sonhos, por
concretizar, cada vez mais. Hoje, com 35 sinto vontade de namorar, de ser amada
e amar. Conto cada minuto até que ele, o meu amor, regresse, para mais um
fim-de-semana, antes de partir novamente. Hoje, com 35 acho-me gira, elegante,
atraente e até acho que no conjunto sou uma estampa. Esta manhã, com 35 anos
olhei-me no espelho e vi as primeiras rugas em torno dos olhos, (mas tenho que
olhar melhor, porque estava ensonada e não devo ter visto bem. Assim o espero!),
mas também olhei nos olhos de uma mulher feliz, apaixonada por ele e pela vida
que partilhamos, cheia de sonhos por concretizar, alguns concretizados e outros
tantos esquecidos. Olhei nos olhos de uma mulher que só conhece um caminho, em
frente, umas vezes a alta velocidade e outras um pouco mais devagar. Vi uma
filha amada e que ama incondicionalmente a família E vi uma mãe fantástica, a
melhor de todas as que já conheci.
Mas, hoje com 35 anos aprendi a maior lição que a vida me
deu. Nada de novo para mim, nada que já não soubesse, nada que já não tivesse
vivenciado, mas hoje, com 35 anos Deus quis relembrar-me da essência da vida. Tudo,
mas mesmo tudo o que damos, (sem excepções), um dia mais cedo ou mais tarde
receberemos de volta. E hoje recebi uma valente bofetada, que a vida se
encarregou de me dar.
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