Estive agora
mesmo a ler este post da Pipoca. Vi-me e revi-me nele. Sei o que é ter vontade
de chorar sem motivo aparente. Sei o que é sentir aquele “bicho” que nos
consome a alma e nos corrói a mente. Aquela dor que não deixa marca física,
aquela sensação de mal-estar continuo, aquela sensação de que nos falta algo,
aquela sensação de que nos falta fazer algo, aquela sensação de que nos falta
alguém, mas o quê, mas quem, Meu Deus? O QUE É QUE EU TENHO? Não sei explicar o
que é, mas é um sentimento que me fode a desejada e ambicionada felicidade. Sei
o que é acordar num magnífico e resplandecente dia de verão e ver tudo cinzento.
Sei o que é olhar em redor e não enxergar. Sei o que é odiar o mundo ou não
sentir absolutamente nada. Sei o que é a raiva, sei o que é a puta da apatia.
Sei o que é não apetecer tirar o pijama ou sequer lavar os dentes. Sei o que é
olhar-me no espelho e não vislumbrar gente, gente merecedora, gente feliz. Sei
o que é passar de um estado apático intenso para um estado de euforia arrebatadora
em que só me apetece falar, falar, falar… Mas tal como a Pipoca não sei
explicar o que sentia, porquê que me sentia assim. “Tenho a alma das avessas.” –
Era o que me lembrava.
Contudo tive
a sorte de perceber o que tinha. Tive alguns exemplos à minha volta que me
deram competências para me auto-diagnosticar. Uma puta de uma depressão
tinha-se instalado em todo o meu corpo sem um pedido de autorização, sem um
requerimento. “O que é que eu faço agora?” Ao psicólogo não queria ir porque
não queria que a minha família se apercebesse (fartinhos de saberem estavam
eles!). Até podia ir às escondidas, mas e qual era a justificação para gastar
tanto dinheiro?- “ Nãããã! Nessa não caiu! “– pensei, estupidamente.
Pensei que
devia consultar o meu médico de família. A última vez que me senti assim de
alma vazia, andava eu na universidade. Na época receitou-me uns comprimidos
fantásticos, ao fim do segundo já me sentia outra. Tinha esperança que também
resultasse dessa vez.
- Olá
Doutor. – Cumprimentei-o à entrada do consultório.
- Olá miúda.
Tudo bem?
O meu médico
é também meu amigo e amigo de toda a família. É um senhor na casa dos cinquenta
e muitos anos, um tipo de boa índole, muito humano, muito terra à terra.
Conheço-o desde sempre, nem me lembro a idade com que fui à sua primeira
consulta, era criança, talvez uns três anos.
- Tudo bem
doutor. – respondi-lhe.
- Tudo bem??
O que se passa? Pareces-me triste! O teu pai, e o resto da família estão bem?
- Sim doutor está tudo bem. Estamos muito bem.
- Tu não me pareces nada bem.
- Sinto-me cansada doutor. Preciso que me dê umas vitaminas.
- Para além do cansaço, o que se passa?
E foi assim, bastaram um pouco mais de meia dúzia de palavras deste meu amigo para a armadura estatelar-se no chão. Saí de lá rejuvenescida e com a certeza de que afinal não sou maluca. Estivemos duas ou três horas naquele consultório a conversar, aliás, eu falava e ele ouvia. Chorei tanto que lhe gastei os lenços todos. Ele teve de desmarcar as restantes consultas.
Este meu amigo, a quem estou eternamente grata, ajudou-me a iniciar o meu salvamento, o resto foi por minha conta e continua a ser minha obrigação manter-me saudável. Todos os dias, imponho-me o optimismo e agradeço a Deus todas as bênçãos da vida. Tenho para mim, que mantermo-nos à tona com uma mente saudável é um treino intimo diário de amor-próprio que tento praticar todos os dias. Apreendi que nada é tão mau quanto parece.
Espero que o meu exemplo sirva a quem está precisado, nem que seja apenas de consolo, afinal tudo tem uma razão de existir e os caminhos não se cruzam por acaso.
- Sim doutor está tudo bem. Estamos muito bem.
- Tu não me pareces nada bem.
- Sinto-me cansada doutor. Preciso que me dê umas vitaminas.
- Para além do cansaço, o que se passa?
E foi assim, bastaram um pouco mais de meia dúzia de palavras deste meu amigo para a armadura estatelar-se no chão. Saí de lá rejuvenescida e com a certeza de que afinal não sou maluca. Estivemos duas ou três horas naquele consultório a conversar, aliás, eu falava e ele ouvia. Chorei tanto que lhe gastei os lenços todos. Ele teve de desmarcar as restantes consultas.
Este meu amigo, a quem estou eternamente grata, ajudou-me a iniciar o meu salvamento, o resto foi por minha conta e continua a ser minha obrigação manter-me saudável. Todos os dias, imponho-me o optimismo e agradeço a Deus todas as bênçãos da vida. Tenho para mim, que mantermo-nos à tona com uma mente saudável é um treino intimo diário de amor-próprio que tento praticar todos os dias. Apreendi que nada é tão mau quanto parece.
Espero que o meu exemplo sirva a quem está precisado, nem que seja apenas de consolo, afinal tudo tem uma razão de existir e os caminhos não se cruzam por acaso.
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