quinta-feira, 9 de abril de 2009

Já estava na hora de ter coragem!

Quando comecei no meu antigo emprego, a ociosidade imperava os meus dias, qual Rainha no seu reinado.

Aquelas horas ali vividas eram um verdadeiro martírio!

Vinha habituada ao ritmo alucinante da banca de investimentos, onde tudo acontece ao mesmo tempo sem se fazer anunciar. Contudo, o ritmo, ali naquele novo espaço, era lento, vagaroso, viscoso, pegajoso …

Não existiam tarefas a executar, relatórios a concluir, e-mails a enviar nem prazos a cumprir, a não ser atender os telefonemas do meu chefe, de duas em duas horas, para verificar se eu já tinha desistido de tal penitência ou se por ventura me tinha deixado levar pela lei da gravidade e deixado pender a cabeça no sono dos justos. Aliás, neste caso, seria mais o sono dos quase alienados.

Os dias passavam lenta e impiedosamente. Estar oito horas fechada num gabinete sem ter nada que fazer e ainda por cima sem poder dormir umas sestas era torturante, depressivo e desolador.

Tenho a certeza que durante estes meses, paguei todos os pecados cometidos e os que virei a cometer para o resto da minha vida.

Contudo, e como eu sempre acreditei, que nada acontece por acaso, estes momentos de ócio deram-me a oportunidade de descobrir algo que nunca pensei gostar e especialmente ser capaz de fazer.

Tudo começou com a leitura incessante de livros dos mais variados temas. Uns mais interessantes do que outros e uns menos óbvios do que outros. Do romance à ciência nada me parava.

Lia com a intenção de não adormecer e especialmente para não dar de vez em maluca. Os Currículos enviados não surtiam o efeito desejado e já não existiam novos mares por navegar entre os oceanos Google, Hotmail e Sapo, no imenso planeta Internet.

Até ao dia em que em vez de ler, tentei escrever. E não é que gostei! E cá para nós; até acho que não me saí nada mal!

Confesso que escrever nem sempre fora o meu forte! No liceu nunca fui boa aluna a português. Achava toda aquela história de rimas, decassílabas, estrofes e afins, uma seca.

Quando entrei na universidade as línguas nunca foram o meu forte, apesar de entrar para um curso de vertente linguística. Era um zero à esquerda!

Mas este bendito e sonolento emprego salvou-me da ignorância e deu-me a oportunidade de aprimorar o meu vocabulário que até à data se baseava numa linguagem bastante técnica, de onde sobressaíam uns estrangeirismos muito pomposos, memorizados à pressa para impressionar os clientes com o meu profissionalismo, entre os quais destaco os meus favoritos: “acquisitions, private banking, asset management e afins".

Actualmente, já não me encontro naquele lento e moroso emprego. Tenho um novo trabalho que adoro e onde, felizmente, não tenho muito tempo para escrever!

Agora, só dou asas à minha imaginação no silêncio dos meus serões, com o meu edredão como único companheiro, amigo e ouvinte, até à chegada tardia mas muito apelativa do meu companheiro, amigo e ouvinte de carne e osso.

A insegurança, a vergonha e o medo de fracassar impediam-me de partilhar esta experiência de escrever e de expor a minha intimidade. Sim, porque a meu ver, não existe nada de mais intimo do que os nossos pensamentos. Que nos identificam, que nos individualizam e que nos espelham!

Contudo, depois de pesquisar alguns blogs ganhei coragem e aqui estou eu!

Apesar de não me identificar, e de não divulgar o nome do meu blog a todos, (incluindo pessoas muito especiais), pois seria um passo muito mais além daquele que, neste momento, estou disposta a dar, tenho a certeza que algumas pessoas, (especialmente a minha amiga do coração), vão-me reconhecer!

Se a imaginação não me faltar, e desejo veemente que não, escreverei algo que esperarei ser interessante, divertido e apetecível.

Até lá.

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