quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Inveja

Entendo a inveja como o trunfo no jogo da sueca. Podemos ter o melhor jogo em mãos repleto de Ases, Reis e Manilhas, mas de repente numa jogada supostamente a nosso favor o adversário deita a última carta e zás! Um pequeno e insignificante dois de Copas, invejoso como ele só, arrasa com o nosso sumptuoso e brioso Ás de Espadas que guardámos com tanto zelo com o intuito de fazer a jogada da noite e arrecadar mais uns quantos pontos numa só vaza.

Era assim que eu me sentia! Arrasada para o resto do dia, quando percebia que eu e os meus, éramos alvo da mais ínfima inveja alheia.

A inveja é a soberana dos sentimentos nocivos e medíocres. É a doença dos coitados e dos infelizes. Dos intriguistas e dos alcoviteiros. Dos descrentes e dos desgraçados. E infelizmente a grande maioria dos Homens, os ditos seres inteligentes, sofrem exageradamente desta patologia! Nunca vi um gato, um cão ou um periquito invejar fosse quem fosse ou o que fosse! Será que somos assim tão inteligentes?! Ou somos apenas estupidamente arrogantes?!

Sei de famílias e amizades desfragmentadas devido a esta maleita pegajosa e epidémica, que contagia e corrompe até o mais inocente dos seres. Existe inveja para todos os gostos e feitios. Inveja do êxito profissional do irmão, inveja da ascensão social do primo, inveja da posição social e económica do tio, inveja por a coisa do vizinho (não interessa o quê) ser maior ou melhor do que a minha, inveja…, inveja…, inveja…, etc.

Contudo, quem nunca sentiu uma pontinha de inveja? Eu já senti! Sempre desejei ter umas pernas iguais às da Heidi Klum, a altura da Malu Mader e ser uma Pop Star como a Madonna.
Existe um tipo de inveja salutar e benigna à qual eu prefiro referir-me de desejo. Desejar o que é belo e atraente, desejar ter ou ser algo melhor não é preocupante e muito menos nocivo. Nocivo é desejar o que é alheio ao mesmo tempo que se desdenha, é criticar o que é belo e atraente e desejá-lo ter ou ser, é censurar a felicidade alheia e desejar senti-la, é criticar invés de elogiar.

Pessoalmente, já ultrapassei aquela fase em que os maliciosos dois de Copas me deixavam mazelas e abriam feridas profundas e difíceis de sarar. Estou vacinada contra essa pandemia. Já passei à fase em que minha indiferença os expulsa naturalmente, e talvez por isso tenha tão poucos amigos e tantos conhecidos. Tornei-me apologista da velha máxima “mais vale poucos mas bons!”.

E a vocês, Srs. Poucos e Sras. Poucas, MAS BONS E BOAS, o meu bem-haja e a minha amizade sincera e genuína! (Vocês sabem quem são!)

1 comentário:

  1. Como dizia Cervantes: A inveja vê sempre tudo com lentes de aumento que transformam pequenas coisas em grandiosas, anões em gigantes, indícios em certezas.
    Nunca tive inveja, quanto muito pena de não ter, que acho que foi o que tu, também já sentiste: pena de não ter a sorte que muitas pessoas, não merecedoras dela, têm... pena de não ter a altura da Malu Mader também! :)
    O que me faz impressão nas pessoas invejosas é o facto de elas terem inveja de qualquer coisa. Não propriamente inveja de algo belo e grandioso, mas de uma insignificância ou até de algo mau. Podes estar mal, mas certas pessoas têm inveja de ti na mesma e de algo que não lembraria a ninguém, como a carteira que trazes ou, principalmente,do teu sorriso perante a vida...talvez seja esse o busilis da questão: o bem estar que os invejosos não conseguem ter, pois consomem-se, roem-se à miníma coisa, vivendo num tormento constante.
    Como dizia o nosso amigo Dali: O termómetro do sucesso é apenas a inveja dos descontentes.
    Joana Meneses

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