segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Estava a ver que ficava viúva...

Ontem dia de tarefas domésticas, andava eu entretida a limpar o nosso ninho de amor, quando inesperadamente ouço um gemido que me fez engolir em seco e me deixou o coração aos solavancos. Corri para sala e lá estava o meu mais-que-tudo, agarrado à sua mão chamuscada, (habituada única e exclusivamente às teclas do seu portátil IBM), a mais de 20 metros de distância da lâmpada que estava a tentar colocar!
- O que foi amor? – Perguntei assustada enquanto o abraçava.
- Ufaaaaaaaaa, ufaaaaa! – Obtive como única resposta a sua respiração profunda enquanto os seus olhos esbugalhados me fitavam, sem me verem.
- O que foi amor? Estás-te a sentir mal? – Insisti abraçando-o novamente.
- Amor, larga-me, deixa-me respirar. – Sussurrou.
- Ufaaaaaaa. – Novamente a sua respiração profunda e eu já quase a chamar o 112.
Enquanto esperava que ele se recompusesse olhei em redor e fez-se luz. Isto é, só na minha cabeça porque a lâmpada nem vê-la.
-Amor, não me digas que apanhas-te um choque?! – Perguntei incrédula.
- Simmmmm! – Respondeu com a voz esquiva e consternada, agora com a mão que não estava queimada em cima do peito.
- Dói-te o coração?! – Perguntei já entrando no lado da histeria.
- Simmmm. Está a bater muito! – Murmurou
- Queres ir para o hospital?
- Não. Deixa-me só um bocadinho assim.
Colei-me a ele e ficámos ali um bom par de minutos enquanto a cor voltava à sua tez pálida.
- Estas merdas destas construções é no que dá! Um gajo paga uma pipa de massa por uma casa e é enganado. Estes construtores são todos uns vigaristas, uns inconscientes. Escreveram no quadro da electricidade que aquele botão serve a sala mas é tudo treta. Vai um gajo fazer uma instalação e pimba. Quase morre. Filhos da p...! Ca… de merda! – Vociferou depois de se sentir melhor, ainda com os olhos esbugalhados.
- Amanhã vou comprar um pisca-pólos! Um gajo também não tem nenhuma ferramenta de jeito em casa, ou o caraças!
- Ahhhh! Ahhhhh! Ahhhh! – Não consegui conter o riso que funcionou como escape para o meu nervosismo.
- Não me apetecia nada ficar viúva nesta altura do campeonato! – Pensei, ainda histérica! - Tudo bem que ficava sem encargos nenhuns, com a casa paga e se calhar ainda tinha direito a uma indemnização por parte do construtor, por me matar o homem. Tornar-me-ia numa viúva milionária, mas e os nossos sonhos e desejos ainda por concretizar!, e quem é que aturava a minha rabugice matinal?! Nã, nã, não quero esse negócio para mim. Quero o meu mais-que-tudo bem vivinho para o bem e para o mal até que a morte nos separe daqui a uns 100 anos, no mínimo!
- Amor aspiras-te as cadeiras?! – Perguntei, já depois de almoçarmos e de toda aquela tragédia ter terminado, enquanto eu levantava a mesa e ele espaldeirava-se no sofá para ver a sessão da tarde.
- Não dói-me os dedinhos queimados! – Respondeu em tom fingido e mimado.
- Amor aspiras-te debaixo do sofá?
- Não dói-me os dedinhos queimados! – Respondeu no mesmo tom.
Estou feita com este, agora enquanto tiver com a bolha no dedo não vai fazer nada cá em casa! Vamos ter chatice! – Pensei, controlando-me para não perder a paciência.
- Amor trás um copinho de água ao teu quido que está muito mal da mãozinha e não pode mexer em nada! – Chantageou.
Pensando bem talvez valha a pena ficar víuva!!

Ps. Já agora o que é essa coisa de pisca-pólos!

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