quinta-feira, 30 de agosto de 2012



Ontem enquanto aguardava pelo talão referente a um pagamento, irrompe pela loja adentro uma mulher com duas crianças. Uma menina que passeava a alta velocidade um carrinho de bonecas e um menino que corria em círculos. Ambos falavam muito alto.
A mulher dirigiu-se ao balcão e disse que queria ter uma conversa privada com a empregada. De repente, sem aviso prévio, e ainda estando eu presente, começou com um discurso nervoso e atabalhoado.
Na casa dos trintas e muitos ou quarentas e poucos anos esta senhora elegante, de cabelo negro e com evidente formação superior estava completamente transtornada. O filho de 14 anos tinha ido viver com o pai em troca de uma bicicleta. Ela estava revoltadíssima porque tinha sido despedida da empresa onde trabalhava por ter ficado grávida e até já se tinha sujeitado a um trabalho intelectualmente inferior para poder criar os filhos condignamente. O contrato findou e veio de novo para o desemprego. Como vingança, e forma de lavar a alma, propôs-se a difamar a empresa que a tinha despedido ilegalmente. Agora, anda de loja em loja, em todos os centros comerciais, onde esta empresa está presente e pede para que ninguém consuma produtos da respectiva marca.
Saí daquela loja com o coração magoado, pude sentir-lhe o sofrimento e a doença que se tinha apoderado do seu corpo e do seu espirito. Aquela mulher exalava ódio, rancor, raiva, mágoa, uma miscelânea de sentimentos negativos que a deprimiam e a arrasavam. Era contagiante aquele seu estado de alma.
á diz o velho ditado que não é com vinagre que se apanham moscas. Não é enviando ódio e raiva que recebemos amor e afecto.
A grande maioria das pessoas concentra de maneira errada a sua energia.  Focam-se no que não têm, no que gostariam de ter, naquilo que os outros têm. Na raiva, na inveja, na vingança. Acredito que aquilo em que nos focamos é o que recebemos de volta, qual boomerang. Mais cedo ou mais tarde, de uma maneira ou de outra, recebemos o troco.
Perder um filho, seja de que forma for, deve ser realmente de uma dor indiscritível. - Nem quero pensar nisso. Sou incapaz de me meter no lugar de uma mãe “órfã”. - Mas acredito que o amor fala mais alto que qualquer bicicleta ou Ferrari, e, quanto a mim esta senhora só está a perder o tempo que deveria empregar em amor, carinho e atenção consigo mesma, e especialmente, com os filhos que infelizmente absorvem toda a sua negatividade. Não é desta forma que conseguirá um emprego e muito menos reaver o amor e a atenção do seu filho.


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