quinta-feira, 3 de maio de 2012

Filhos - Helena Sacadura Cabral



Ontem de manhã estava a rodar canais e parei na TVI quando me pareceu ver a Helena Sacadura Cabral. Fiquei incrédula, dias após a morte do seu filho Miguel, e lá estava a Helena com o seu enorme sorriso, que tão bem a caracteriza, sentada entre o Mário Zambujal e a Júlia Pinheiro. Ainda pensei que o programa teria sido gravado, mas depressa a duvida se dissipou quando vi a palavra Directo.

Como conseguia a Helena estar ali em amena cavaqueira depois de tamanha perda? Pensei como me sentiria perante a perda de alguém que eu amasse muito. Mas nunca o meu filho. Isso para mim é impensável, não me consigo ver a sobreviver ao meu querido Di, e olhem que acredito que a nossa existência não acaba aqui. Acredito que somos seres essencialmente espirituais e que quando fisicamente nos extinguirmos nos encontraremos com os nossos mais queridos (e com os menos, também!) em alguma parte deste enorme universo. Mas prefiro ser eu a esperar por ele nesse tal lugar, que nunca ninguém viu, não vá o diabo tecê-las.

Pensei na morte do meu pai, da minha mãe, do meu irmão e do meu marido, as pessoas mais importantes da minha vida. Em como seria doloroso perde-los. Em tempos desejei morrer primeiro que todos eles, para não ter que passar por tanto sofrimento, mas após o nascimento do meu filho tudo mudou. Quero vê-lo crescer e tornar-se num homem essencialmente feliz, para além de tudo o que possa vir a conquistar.

Da incredulidade passei à admiração. Admirei a Helena pelo exemplo de força interior e especialmente pela doçura. Sim, acho que é preciso uma paz de espirito e uma força interior inabalável para se enfrentar a morte de um filho com tamanha doçura. É preciso já se ter vivido o bastante para se atingir o patamar que a Helena atingiu, é preciso conseguir aceitar a dor que a falta física nos proporciona e fundamentalmente, é preciso perdoar quem nos abandonou e decidiu partir, ainda que inconscientemente.

Só um aparte, acho que a Helena acredita que o diabo não vai tece-las! E quem acredita, consegue.


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