terça-feira, 11 de setembro de 2012

14.º Campeonato de Escrita Criativa – 3.ª Desafio


Como seriam as férias perfeitas?
Estou numa sala enorme de formato oval e estilo colonial, com um pé direito de perder de vista, cujas paredes forradas de estantes estão repletas de belos originais de magníficas obras lidas por muitos mas tocadas por poucos. Subo o escadote de acesso a uma das estantes e deparo-me com “O Crime de Lord Arthur Saville”. Nem quero acreditar que tenho na mão um manuscrito de Oscar Wilde! – Meu Deus que privilégio! – Penso atordoada, com o que os meus olhos vislumbravam. Um pouco mais ao lado chama-me a atenção um outro livro que pego com cuidado. A capa amarelada que denuncia a sua antiguidade tem como titulo “Os Lusíadas”. A primeira edição da obra.
Enquanto desço o escadote até chão firme, reparo nas portadas de acesso ao terraço donde sobressai o chão de madeira brilhante de tão encerado. Saio lá para fora e sou abocanhada pelo cheiro intenso a maresia. À minha frente, uma baia de águas mansas azul-turquesa e areia dourada. Oiço umas gargalhas que me despertam do entorpecimento em que me encontro. Desvio o olhar para a outra ponta e vejo uma criança e um homem a correrem sobre o manto de areia fina. É o meu filho e o meu marido. Parecem-me felizes. Chamo-os mas não me ouvem. Estão entretidos nas brincadeiras.
-Bom dia. – Sou interrompida por uma mulher negra, descalça, que segura uma toalha branca.
- Bom dia. – Respondo, surpreendida enquanto lhe aprecio os pés muito bem desenhados de calcanhares hidratados.
- Está na hora da massagem. – Diz sorridente.
- Onde estou? – Pergunto-lhe.
- Está a gozar as suas férias de sonho. – Responde-me com o mesmo sorriso donde sobressaem os dentes brancos que fazem pendant com ao toalha.
Aponta para uma marquesa sofisticada, onde me deito de barriga para baixo. Coça-me as costas e a cabeça com as pontas dos dedos até que eu adormeça. Alguém a informou que são os meus pontos fracos.
Acordo e percorro o resto da casa, oiço de novo o riso contagiante do meu filho. Lanço-me no seu encalce. Entro numa sala adornada por uma mesa repleta de iguarias deliciosas e sento-me ao seu lado. Empanturramo-nos descontraidamente enquanto partilhamos as nossas vivências na ilha de Richard Branson.
- Que tal estão a ser as vossas férias de sonho? – Somos interrompidos por um homem de barba. É ele, o dono da ilha.
- Inesquecíveis.- Respondemos em uníssono.

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