sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Esta vida de caixeiro viajante está a dar cabo de mim, Raparaparaparaparaparaparim....


Agora a sério, é verdade que esta vida de caixeiro-viajante é cansativa, desgastante até. É a tristeza de não estarmos juntos, são as saudades dos abraços, dos beijos, das gargalhadas ou simplesmente da companhia silenciosa enquanto assistimos a um filme ou lemos um livro. São as saudades das conversas antes de adormeceremos e das manhãs em que sinto o cheiro do seu perfume pela casa. E depois existe a parte logística, carrega mala para lá, carrega mala para cá; ai que hoje existe atraso no voo por causa do nevão que acabou de cair; ai que estou atrasado, ainda perco o voo. Chau, até quinta. Anda cá, dá-me um abraço. Liga o Skype para falarmos à noite. Porta-te bem, não me troques por nenhuma Belga alta, loira e lingrinhas. Não, fica descansada, só te trocaria pela Gisele Bundchen. Parvo. Feiinha. Amo-te. Também, te amo, é a tua sorte. És um chato. Não me trates mal senão não volto.
Depois sou eu, que sou uma medricas do catano e que detesto dormir na nossa casa sem ele. Passo a noite em vigia à espera que o ladrão trepe até ao sexto andar e que entre pela janela que está fechada, mas como eu sei que estes ladrões da actualidade são muito hábeis a manusear caixilhos e estão apetrechados de equipamentos sofisticados para abrir janelas, especialmente as dos sextos andares, adormeço quando amanhece, para me levantar uma hora depois. Um miminho!
 Não aguento mais uma noite sem dormir e faço a mala, emigro mais o meu Di para a casa dos meus pais. Ponho a minha roupa e a roupa do meu Di dentro da enorme Samsonite, faço a mala da natação, faço o saco da roupa para a lavandaria, pego no saco do lixo para despejar e agarro na minha mala de ombro. Carrego tudo até ao carro e enfio lá para dentro à pressa. Não cabe quase nada na bagageira, especialmente a samsonite, porque a primeira é habitada pelo carrinho do Di. Tiro o carro do Di e enfio a mala. Ah espera, preciso do carro porque tenho de ir às compras e tenho de levar o Di. Enfio de novo o carro na bagageira e a Samsonite no banco da frente. Enfio os restantes sacos e malas na bagageira. Espera, esqueci-me que o saco do lixo estava entre os outros sacos. Vou busca-lo à bagageira e meto-o à frente para o despejar no contentor. Dou-lhe um nó para não entornar o lixo no carro. Sento o  Di na cadeira e sento-me ao volante. Ah espera, esqueci-me do casaco em casa, anda filho vamos a casa porque a mãe esqueceu-se do casaco. Entramos no elevador, abro a porta, vou direita ao roupeiro buscar o casaco. O Di não quer sair de casa porque entrou no quarto e quer ficar a brincar. Olho para o relógio, estou em cima da hora. Anda Di, vamos filho! Após insistência vem contrariado. Fecho a porta. Entro no elevador. Abro o elevador porque já não me lembro se fechei a porta de casa à chave. Volto atrás e verifico que está fechada com duas voltas. Ainda assim abro a porta para ver se apaguei as luzes. Volto ao elevador. Abro o carro, sento o meu Di na cadeira, entro no carro. Saio de novo porque me esqueci da chave do carro no banco ao lado da cadeira do meu Di. Entro de novo no carro e finalmente arranco. Estou cansada e ainda só são 8 horas da manhã, chiça.
De regresso a casa é o mesmo ritmo e na semana seguinte viro disco e toco o mesmo e tem sido assim há um ano para cá.
Mas estava eu a dizer que é muito cansativa esta vida de caixeiro-viajante, mas actualmente é o melhor que temos e não nos podemos queixar. É chato fazer e desfazer mala, mas é muito bom poder tê-lo todas as semanas perto de nós, é bom que possamos estar os três juntos mesmo que sejam apenas três dias por semana. É bom que esteja num país pertinho de nós, onde o sabemos seguro, onde as pessoas são simpáticas e onde a qualquer momento pode apanhar um avião e em duas horas, mais coisa, menos coisa, pôr-se perto de nós. Agora no final só temos de agradecer e rezar para que o próximo projecto seja tão bom como este. Eu por cá, deixarei de ver filmes, tentarei controlar a imaginação, dormirei o sono dos justos e esperá-lo-ei cheia de saudades de o abraçar. 

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