quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Bom dia vida!



Sou uma chata de uma optimista, pode estar a cair a casa que eu digo, “calma, vamos pensar numa solução”. Em todos os momentos desesperantes da minha vida, que graças a Deus contam-se pelos dedos de uma mão, que chegam e sobram, mantive uma calma, desesperante para os demais, e melhor ainda (pior para os stressados por natureza), dei sempre a volta à questão e consegui ver o lado positivo da tragédia.

Não, não vejo o mundo em azul-bebé com pintas verde-alface, não sou irrealista, não vivo num mundo à parte perfeito e belo. Pelo contrário vivo a minha vida com veracidade, contudo não me deixo ir abaixo com insignificâncias, e encaro sempre o lado positivo de cada história, de cada pessoa, de cada momento. Quero lá saber se há muito trânsito, ou se planei uma ida à praia e está a chover a potes, ou se adoro aquele par de sapatos, mas já não existe o meu número. O exterior não interfere na minha felicidade, apenas o aceito.
É verdade que nem sempre foi assim, conquistei aos poucos este estado de consciência em que vivo. Mudei a minha opinião acerca de Deus e do mundo quando há sete anos Ele enviou uma doença gravíssima, mortal para a maioria dos pacientes, a uma das pessoas que mais amo e a que mais admiro. Contudo, ainda esta manhã tomámos o pequeno-almoço juntos e percorremos o caminho para o trabalho a rir das peripécias do meu filho, o seu neto mais querido, o seu putinho.

Quando penso porquê que Deus ofereceu um cancro pulmonar ao meu pai dez anos após o ter presenteado com um na garganta, acredito que foi a única forma de nos abrir os olhos, de fazer um reset na nossa mente, de nos achocalhar as ideias e o coração. Foi como se nos desse um calduço e dissesse: “é pá deixem-se de merdas, amem, acarinhem e gozem a família fantástica que têm, respeitem-se, olhem que esta vida acaba depressa por isso aproveitem ao máximo a companhia uns dos outros e sejam felizes, caramba!” Recebi esta mensagem numa daquelas noites, em que chorava baixinho deitada na minha cama, enquanto ouvia o meu pai a vomitar as entranhas depois de levar uma dose da bem dita quimioterapia, que juntamente com as minhas preces e o optimismo da minha mãe nos ajudou a salvar a vida do meu pai. Depois disso percorri um longo caminho de busca, e ainda o percorro diariamente, nem sempre preenchido de certezas, especialmente quando me deparo com a infelicidade, a falsidade e a inveja alheia. Mas quando olho para trás, quando encaro o meu presente e quando penso no meu futuro, só posso agradecer a Deus, por tudo o que me deu. Sou uma miúda de sorte, tenho uma boa estrela, não tenho motivos para encarar a vida de forma pessimista, tenho tudo o que desejo, sou amada, sou desejada, tenho uma família linda e cheia de saúde, um filho lindo e saudável, adoro o que faço, adoro escrever e até tenho dinheiro para comparar um lindo par de sapatos sempre que me apetece. Quando penso em todas estas coisas e em tantas outras alegrias, julgo não ter sequer o direito em me chatear com as pequenas indisposições que Ele nos envia para nos testar. E olhem que a mim…, testa-me todos os dias!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Planos Furados


Pois é, já devia ter aprendido a lição, e não fazer planos quando o meu Di faz parte desses mesmos planos, e a verdade é que faz sempre. O rapaz pequeno é a personagem principal da minha vida. 

Resumindo, este fim-de-semana estava convencidíssima que ia descansar muuuuitooo, dormir muuuiiiitoooo (hoje em dia 8 horinhas é mais do que bom), pôr a leitura em dia, alapar o rabo no sofá e não mais o tirar de lá a não ser para responder às minhas e às necessidades básicas da minha cria, mas nãooooo. NÃO aconteceu nada disso. O meu Di ficou com uma tosse infernal que o atacava especialmente quando estava deitado e não dormiu nem isto, nem uma pontinha, nem de noite nem de dia. Irra, maldita tosse que não largava o meu pirralhinho. Passei as noites em claro com o meu Di ao lado, ora vira para lá, ora vira para cá, couf, couf couf, mais uma biqueirada nas minhas costelas, destapa-se, couf, couf, couf e agora quase que cai da cama, “e agora é que eu arranjei uma bela posição, aiii como eu adoro deitar-me em cima da minha mamã, estou mesmo bem, vou dormir um bocadinho enquanto ela zela pelo meu soninho.”

Adoro quando o meu Di adormece em cima de mim bem coladinho ao meu coração, cujo bater só ele conhece profundamente, tem este hábito desde que nasceu, mas a verdade é que eu não consigo pregar o olho com ele nesta posição, tenho medo de me virar e o magoar, então passo o tempo que ele dorme em silêncio abraçada a ele, a sentir-lhe o cheirinho dos cabelos fininhos, que de quando em vez me fazem cócegas no nariz. Aproveito para fazer planos a longo prazo, (sim, porque eu cá é que não sou parva, já não me engana mais nenhuma vez, pelo menos até me esquecer da última J), e até faço a lista de compras para a semana. Mas essencialmente agradeço. Agradeço a Deus o melhor que algum dia recebi, este filho que amo tanto, e que me faz tão feliz.

Deixa lá dormes para a semana! – penso satisfeita abraçada ao meu maior amor.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Vem aí o fim-de-semana

Há muito que não desejava tanto um fim-de-semana como este. Preciso de descansar, dormir e curar este início de constipação que se avizinha. Vou meter as pernas a caminho do meu lugar de eleição e dar muitos miminhos ao meu amorzinho pequenino e receber outras tantos do meu amor grande. Matar as saudades e carregar baterias para mais uma semana que se adivinha cheia de saudades, sem ele ao meu lado todas as noites.

Coisas do Sr Di, meu rebento.


Ontem o meu Di estreou-se no Circo. A educadora diz que nunca largou o seu ar muito sério e observador, nunca tirou os olhos do leão que estava no topo da arena, (não fosse dar-lhe a travadinha e ter que ser ele a domá-lo com o seu rugido e com a mãozinha canina em riste: dah, dah, dah… Sim, tenho para mim que o meu filho seria capaz de amedrontar a fera mais perigosa do planeta e com um simples “dah, dah, dah” meter-lhe o rabinho entre as pernas) , e não achou muita graça quando o palhaço atirou com uma mão cheia de pipocas para cima dos coleguinhas que estavam ao lado dele.

Coisas do meu Di que não dá confiança a mal vestidos. 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O meu grande amor pequenino


Com o meu filho obtive o maior dos ensinamentos da vida. Não importa a raça, mãe é mãe! Protege, luta, acarinha, castiga, defende, mima, tudo em prole deste amor incondicional que vai para além do Além.  

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Momentos da coisinha mais fofita de su mamacita.


Ontem depois do jantar o meu Di resolveu investir sobre os presentes de Natal que se encontravam debaixo da árvore de Natal.

- Não mexe filho – disse-lhe.
- Dah, dah, dah – respondeu-me chateado de mão em riste a apontar para os ditos presentes.
- Olha mãe o Di já rasgou o papel do embrulho de um deles, por isso se já não é surpresa, já pode abrir. Não é putinho? – Disse o avô conivente com a malandragem.
- Não, não é. Se faz favor arruma o presente onde estava senhor Di – insisti.
- Nã, nã, nã – respondeu-me.
- A mamã está a dizer para arrumar –ralhei.
- Deixa putinho, esse cão é um rafeiro muito feio – disse o avô a referir-se ao Pluto que já tinha o focinho todo de fora do papel colorido. No Natal o avô embrulha a Nini (a nossa cadela de carne e pêlo) e oferece-ta. É muito mais gira. Até faz chichi e tudo. Deixa não ligues a esse rafeiro feio.

E eu posso lá com estes dois pestinhas? LOL

Família = Amor


Adoro as noites em que nos juntamos, em que nos sentamos para partilhar alegrias e amor, em que me reúno com os meus com aqueles que nunca me falharam e que nunca nos desampararão, aqueles que amo e que me amam. Os meus pais, avós galinha do meu filho. Os que me adoram os que amam de todo o coração o meu bebé pequenino, mais fofinho do mundo. Os avós mais queridos do meu filho, aqueles o fazem chorar quando nos dizem até amanhã e mesmo que seja apenas um par de horas de ausência, são o suficiente para já termos imensas saudades e vontade de estar com eles de novo. 

Não me canso de ouvir esta Senhora.



 Linda e talentosa. Absolutamente Fantástica.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O nosso trio





Ontem à noite o trio completou-se. Fico sempre tão feliz com o nosso reencontro, tão desejado desde o momento da despedida. Por momentos esquecemos as saudades dolorosas que nos magoam o coração e que fazem os nossos dias mais cinzentos, rezamos para que o tempo se arraste e os dias se prolonguem por tempo indefinido. Nos próximos dias, esquecemos que estas saudades se repetirão para a semana, para a outra, para a outra e para a outra também. Deixa cá ver, ah e para a outra também, e para a outra… até sei lá quando. O que nos vale são estes momentos juntos de partilha de carinhos, de amor e de afectos. Felizes, como só nós os três o somos. 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Coisinha mais fofinha de su mamacita


O meu Di é um docinho. Meiguinho, simpático, como ele só e beijoqueiro como a mãe, enfim uma infindável porção de características adoráveis que me deixam derretida e orgulhosa deste biscoito mais fofinho do meu mundo. Mas quando o rapaz pequeno sai dos eixos e se transforma num pequeno rebelde, que Deus me acuda e me dê muuuuita paciência.

Ontem no Shopping depois de o sentar em todos os carrinhos eléctricos que lhe apeteceu por mais de meia hora, fez a maior birra alguma vez vista na história da humanidade infantil, quando lhe disse que já chegava porque estava na hora de irmos papar. Chorou, gritou, “nã, nã, nã…”, esbracejou, bateu-me, mordeu-me, deitou-se no chão, arrastou-se pelo chão. Uma vergonha, isso sim. Os olhares reprovadores de quem passava deixavam-me sem saber o que fazer com aquele pestinha. Com vontade de enfiar a minha cabeça dentro de um saco preto, peguei-lhe ao colo e levei-o a esbracejar até ao carro.

- “Má, má, má…” Chamava-me aquela minorca de palmo e meio.

- “A mamã não é má tu é que te estás a portar muito mal. Isso sim.” – Respondi-lhe evitando vociferar “mau és tu, meu pestinha”. Li num livro que não se deve chamar más às crianças, ficam traumatizadas e quem sabe, capazes de se transformarem em verdadeiros delinquentes juvenis. Enfim, nada melhor do que prevenir.
Quando o sentei no carro:

 – “Mãim, mãim, mãim.” – Chamou-me, agarrou-me o rosto com as suas mãozinhas pequeninas e beijou-me.
- Gostas da mamã?
- Tim. (tradução: Sim)
- A mãe está triste contigo.
- Tim.
- Portas-te bem?
- Tim

Ohh pá e lá existe coração que aguente uma fofura destas sem se derreter?! 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012


"Todos temos dentro de nós uma insuspeita reserva de força que emerge quando a vida nos põe à prova."
Isabel Allende in A Ilha Debaixo do Mar

Isabel Allende nunca me deixa indiferente. Aprendo sempre algo com as suas protagonistas. Mulheres fortes e destemidas que enfrentam as vicissitudes da vida com a coragem só pertencente aos audazes. Mães guerreiras, amantes fervorosas, mulheres sonhadoras, donas de casa sábias. Não fosse Isabel Allende, também uma lutadora, guerreira e sobrevivente. Sobreviveu a uma ditadura, e pior do que qualquer ditadura ou holocausto, sobreviveu à morte de uma filha. Admiro-a pela escrita, pela força e pela doçura. Já o disse e volto a repetir, é-me impensável sobreviver ao meu filho, sou incapaz de me visualizar sendo uma mãe órfã, por isso admiro as mães que enfrentam tamanha perda com a doçura da sabedoria.

Penso sempre nas mães dos filhos que se perdem para Deus e dos que se perdem na vida. Visto-lhes a pele e sinto-lhes o sofrimento, choro por elas e pelas sua inestimáveis perdas. Acredito que a nossa existência não se fica por aqui. Acredito que somos seres essencialmente espirituais e que um dia nos encontraremos com os nossos amores e desamores numa outra dimensão, que está para além da nossa imaginação, mas prefiro ser eu a esperar pelo meu bem mais precioso nesse tal lugar que nunca ninguém viu, não vá o diabo tecê-las e sermos apenas uns bonecos articulados nas mãos de Alguém. Até lá, o que eu quero mesmo é que as minhas cordas se articulem com as cordas dos meus, e preferencialmente com as suas cordas, as do meu filho, e viver cada dia na sua companhia. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012


Nunca fiz nenhum feito extraordinário digno de comentários alheios, nem tão pouco de manchete no telejornal das oito. Em miúda nunca fui popular, nunca fui a mais bonita da escola, nem a mais inteligente da turma. Quando tirei dezassete no exame final de história fui alvo de contestação por parte dos meus colegas detentores de um QI superior ao meu. Diziam eles e acreditava eu.

Em adulta desesperei para arranjar um namorado. Nenhum homem gosta de um pau de virar tripas. Pensava, quando via no espelho a minha figura esguia donde sobressaía um rosto, pequeno, não tão feio assim, quase coberto por um emaranhado de cabelos que andavam por ali à solta, em desalinho, tal como a minha vida, até ao dia…

Todos estamos aqui por alguma razão. Tudo tem uma razão de existir. Cabe a cada um de nós procurar a nossa verdade. – Até ao dia… Até ao dia em que certa noite li num dos meus livros de auto-ajuda, que costumava ler sem convicção, estas frases feitas, lidas e relidas centenas, senão milhares de vezes. Naquela noite, ligaram um qualquer circuito que por defeito não veio ligado à nascença, ou foi desligado pela mão da minha infância traiçoeira.

Não sou nenhuma heroína; nunca salvei ninguém de morrer afogado. Não elevo ao apogeu milhares de fã; não sou cantora rock. Nunca ganhei nenhum prémio, nem tão-pouco fui condecorada por feitos transcendentes. É no dia-a-dia que me supero, quando retribuo amor, amizade e atenção. Supero-me, quando digo “amo-te” à pessoa amada e às que não são amadas. Supero-me, quando preparo uma tarte para o meu amado. Supero-me, quando chego a casa extenuada e é com prazer que brinco às escondidas com o meu maior amor. Supero-me, quando me comovo a ver um filme e choro qual Madalena arrependida. Supero-me, quando me olho no espelho e aprecio o que vejo. Supero-me quando perdoo quem me ofende.

Todos os dias contemplo a minha, a nossa, e a vossa vida. Todos os dias dou, retribuo e agradeço, as pequenas coisas que fazem da minha vida uma grande existência. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

14.º Campeonato de Escrita Criativa – 4.º Desafio


Detesto faltar aos meus compromissos. Quando me proponho a fazer algo honro sempre a minha palavra. Detesto chegar atrasada, chego mesmo a sentir calafrios e não aceito desculpas para não cumprir o prometido. Apreendi da maneira mais dura a respeitar os meus compromissos quando na universidade fui impedida de apresentar um trabalho por ter chegado atrasada.
Antes não tinha a noção de como isso incomodava os outros, de como abusava de um dos mais importantes direitos consagrados a cada Ser Humano, o tempo. O tempo dos outros e o nosso tempo. O tempo é um privilégio que deve ser disponibilizado por cada um, conforme lhe apetece e por isso não temos o direito de privar outrem do seu tempo.
Infelizmente, (e só de pensar fico doente) esta semana não tive qualquer hipótese de cumprir com a minha participação no concurso de escrita. O meu Di, ficou doente a meio da semana, não foi à escola, e com ele por perto, sempre a solicitar atenções e miminhos torna-se impossível a minha concentração para escrever.
Tentei escrever algo no Sábado, mas não consegui. O cansaço falou mais alto e acabei por desistir. Preferi não entregar nada, a entregar algo sem qualidade. No entanto, aqui ficam algumas linhas do que escrevi para o desafio da semana.

Em que é que a expressão “uma ventania de riso” o faz pensar?

Todas as manhãs, só de pensar que tinha de passar naquele corredor sentia náuseas, o suor escorria-me dentro da camisola, revolviam-se-me as entranhas.

Os gritos e as risadas de escárino daqueles miúdos crueis enquanto percorria aquele maldito corredor em direcção à minha sala de aula eram como murros na barriga. Desde cedo aprendi o quão difícil é ser-se feia e gorda.

Aquela ventania de riso actuava em mim como um ciclone de raiva e ódio. Sentia-me pequenina, insignificante e diminuta, exactamente o oposto da minha aparência grande e sebenta. - Olha a gorda! – Era a mais amistosa saudação que podia ouvir. Creio que Jesus não ouviu tantos insultos enquanto percorria o caminho que o levava ao calvário, como eu, quando percorria aquele tunel de obscenidades. Ok. Jesus não sofria do mais desprezivel dos defeitos. Não era gordo e até há quem diga que era um Tipo bem-apessoado!

 Mas o pior disto tudo, nem era o facto de ser a gorda da corte, ou o bode expiatório para todas as maleitas e problemas do liceu. Nem mesmo os gestos obscenos e a dor física dos pontapés infligidos me feriam como a minha cumplicidade. A minha vontade de ser aceite por aquele grupo, obrigava-me a gargalhar a cada pontapé infligido e a sorrir a cada apalpão dolorosamente ordinário. Fingia que não me importava e que até gostava de ser apelidada de gorda, sorria com as obscenidades gritadas por bocas que ainda não conheciam o seu significado. Magoava-me, feria-me no mais profundo do meu âmago só para pertencer aquela tribo. Só para ser aceite. Afinal, é o que todos queremos, pertencer a algo, a alguém, ter raízes.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

14.º Campeonato de Escrita Criativa – 3.ª Desafio


Como seriam as férias perfeitas?
Estou numa sala enorme de formato oval e estilo colonial, com um pé direito de perder de vista, cujas paredes forradas de estantes estão repletas de belos originais de magníficas obras lidas por muitos mas tocadas por poucos. Subo o escadote de acesso a uma das estantes e deparo-me com “O Crime de Lord Arthur Saville”. Nem quero acreditar que tenho na mão um manuscrito de Oscar Wilde! – Meu Deus que privilégio! – Penso atordoada, com o que os meus olhos vislumbravam. Um pouco mais ao lado chama-me a atenção um outro livro que pego com cuidado. A capa amarelada que denuncia a sua antiguidade tem como titulo “Os Lusíadas”. A primeira edição da obra.
Enquanto desço o escadote até chão firme, reparo nas portadas de acesso ao terraço donde sobressai o chão de madeira brilhante de tão encerado. Saio lá para fora e sou abocanhada pelo cheiro intenso a maresia. À minha frente, uma baia de águas mansas azul-turquesa e areia dourada. Oiço umas gargalhas que me despertam do entorpecimento em que me encontro. Desvio o olhar para a outra ponta e vejo uma criança e um homem a correrem sobre o manto de areia fina. É o meu filho e o meu marido. Parecem-me felizes. Chamo-os mas não me ouvem. Estão entretidos nas brincadeiras.
-Bom dia. – Sou interrompida por uma mulher negra, descalça, que segura uma toalha branca.
- Bom dia. – Respondo, surpreendida enquanto lhe aprecio os pés muito bem desenhados de calcanhares hidratados.
- Está na hora da massagem. – Diz sorridente.
- Onde estou? – Pergunto-lhe.
- Está a gozar as suas férias de sonho. – Responde-me com o mesmo sorriso donde sobressaem os dentes brancos que fazem pendant com ao toalha.
Aponta para uma marquesa sofisticada, onde me deito de barriga para baixo. Coça-me as costas e a cabeça com as pontas dos dedos até que eu adormeça. Alguém a informou que são os meus pontos fracos.
Acordo e percorro o resto da casa, oiço de novo o riso contagiante do meu filho. Lanço-me no seu encalce. Entro numa sala adornada por uma mesa repleta de iguarias deliciosas e sento-me ao seu lado. Empanturramo-nos descontraidamente enquanto partilhamos as nossas vivências na ilha de Richard Branson.
- Que tal estão a ser as vossas férias de sonho? – Somos interrompidos por um homem de barba. É ele, o dono da ilha.
- Inesquecíveis.- Respondemos em uníssono.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

14.º Campeonato de Escrita Criativa - 2.º Desafio

Escreva uma carta ao seu brinquedo favorito.


Olá amiguinho,
Vieste antes do tempo sem data nem hora marcada. Ocupaste o teu lugar sem avisar, apareceste assim do nada. Usurpaste-me os planos, as viagens, os serões, as leituras, o tempo, esse bem precioso, que despendia conforme me apetecesse, sem horários nem urgências. Com a destreza e a coragem, que tão bem caracterizam a tua personalidade, tornaste-te no centro do meu mundo, e auto-nomeaste-te o meu “brinquedo” favorito. Um brinquedo muito real, que chora, que come, que faz xixi e cocó, que adora os meus miminhos, que me rodeia o pescoço num abraço apertado e que me encharca o rosto com beijos deliciosos e dentadinhas dolorosamente prazerosas.
Dono do sorriso mais lindo e da gargalhada mais viciante do mundo, és tu o despertador das minhas manhãs, o senhor dos meus dias, a estrela das minhas noites, o meu “brinquedo” vivo de carne e osso que atrai toda a minha atenção, lealdade e amor. Acompanhar a tua aprendizagem, partilhar cada nova vivência, cada gracinha, cada traquinice é o meu passatempo favorito. Deixei as leituras e as séries do Fox Life, para próximas núpcias. Contemplar-te dá-me infinitamente mais gozo.
Quero que saibas que és o melhor “brinquedo” que alguma vez recebi. És infinitamente melhor do que a mansão da Barbie que recebi pelo Natal de 84 ou que a viagem a Nova Iorque em 2007.
És único, és o meu filho querido, és o melhor que a vida me deu.
Amo-te
Um chi-coração da mamã.

14.º Campeonato de Escrita Criativa - 1.º Desafio


Imagine e descreva como seria o dia mais estranho que poderia viver no seu local de trabalho.

Assim que passo a porta noto a sua ausência.
O que lhe terá acontecido? – Penso. - Nunca se atrasou, sequer um minuto, durante todos estes anos! 
A sua cadeira vazia, é engolida por um silêncio sepulcral. Sinto-lhe a falta. Não tenho ninguém a quem dizer bom dia, nem tão pouco com quem dividir o meu silêncio. Onde está aquela voz rouca que esporadicamente se ouve, a não ser para expelir ordens arrogantes? Que faz perguntas para as quais só ela tem as respostas e que não se cansa de trautear canções irritantes que se misturam com o som dos teclados.
Sento-me no meu lugar de onde vislumbro a sua secretária arrumada e organizada, na qual aparentemente costuma reinar o caos e a confusão, mas onde tudo tem uma ordem só compreensível ao seu senhorio.  

Sinto-me confusa, por esta altura já tinha ouvido o seu pigarrear irritante pelo menos dez vezes. Havia dias em que o seu esforço constante em clarificar a voz irritava-me. Hoje, estranhamente, sinto-lhe a falta!

- Sabes alguma coisa do chefe? – Pergunto ao meu colega que acaba de chegar.

- Não, porquê, ainda não chegou? – Questiona admirado. – Deve estar para cair algum santo do altar! – Exclama divertido.
- Parvalhão. – Pensei, sem responder enquanto ligava o computador.
Bem sei que não é uma pessoa de fácil trato. Rígido, arrogante, taciturno, autoritário. Mas gosto dele! Sempre gostei!
A meio da manhã recebo um enorme ramo de flores, com um bilhete, que diz:
- Bom dia, foi um prazer conhece-la e trabalhar consigo. Devo-lhe dizer que desde que aconteceu a revolução dos cravos, que deixou este país de pantanas e especialmente os jovens de cabeças às avessas, a Ana foi a minha melhor aprendiz. Desde já nomeio-a minha substituta. Está apta a tomar as rédeas e pôr essa gente na ordem. Da minha parte, vou gozar os restantes dias que ainda tenho de boa saúde ao lado da minha companheira de há mais de sessenta anos. Aquela que sempre me apoiou e que sempre tolerou o meu mau feitio. Já estou velho para correrias, os meus setenta e oito anos já me pesam.
Uma última ordem: apaixone-se, senão vai acabar ranzinza como eu.
PS: Partilhar do seu silêncio foi um enorme privilégio.

14.º Campeonato de Escrita Criativa com Pedro Chagas Freitas




Resolvi que, se calhar, seria uma boa ideia. Pus o medo da rejeição de parte e atirei-me de cabeça. Vamos lá ver no que vai dar! Já diz o velho ditado, que quem não arrisca não petisca.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012



Ontem enquanto aguardava pelo talão referente a um pagamento, irrompe pela loja adentro uma mulher com duas crianças. Uma menina que passeava a alta velocidade um carrinho de bonecas e um menino que corria em círculos. Ambos falavam muito alto.
A mulher dirigiu-se ao balcão e disse que queria ter uma conversa privada com a empregada. De repente, sem aviso prévio, e ainda estando eu presente, começou com um discurso nervoso e atabalhoado.
Na casa dos trintas e muitos ou quarentas e poucos anos esta senhora elegante, de cabelo negro e com evidente formação superior estava completamente transtornada. O filho de 14 anos tinha ido viver com o pai em troca de uma bicicleta. Ela estava revoltadíssima porque tinha sido despedida da empresa onde trabalhava por ter ficado grávida e até já se tinha sujeitado a um trabalho intelectualmente inferior para poder criar os filhos condignamente. O contrato findou e veio de novo para o desemprego. Como vingança, e forma de lavar a alma, propôs-se a difamar a empresa que a tinha despedido ilegalmente. Agora, anda de loja em loja, em todos os centros comerciais, onde esta empresa está presente e pede para que ninguém consuma produtos da respectiva marca.
Saí daquela loja com o coração magoado, pude sentir-lhe o sofrimento e a doença que se tinha apoderado do seu corpo e do seu espirito. Aquela mulher exalava ódio, rancor, raiva, mágoa, uma miscelânea de sentimentos negativos que a deprimiam e a arrasavam. Era contagiante aquele seu estado de alma.
á diz o velho ditado que não é com vinagre que se apanham moscas. Não é enviando ódio e raiva que recebemos amor e afecto.
A grande maioria das pessoas concentra de maneira errada a sua energia.  Focam-se no que não têm, no que gostariam de ter, naquilo que os outros têm. Na raiva, na inveja, na vingança. Acredito que aquilo em que nos focamos é o que recebemos de volta, qual boomerang. Mais cedo ou mais tarde, de uma maneira ou de outra, recebemos o troco.
Perder um filho, seja de que forma for, deve ser realmente de uma dor indiscritível. - Nem quero pensar nisso. Sou incapaz de me meter no lugar de uma mãe “órfã”. - Mas acredito que o amor fala mais alto que qualquer bicicleta ou Ferrari, e, quanto a mim esta senhora só está a perder o tempo que deveria empregar em amor, carinho e atenção consigo mesma, e especialmente, com os filhos que infelizmente absorvem toda a sua negatividade. Não é desta forma que conseguirá um emprego e muito menos reaver o amor e a atenção do seu filho.


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Quando ele se esquece do meu aniversário, o que é que isso significa? O que é que isso quer dizer? Que já não sou tão importante na sua vida como um dia já fui? Que a paixão de outrora escaldante e avassaladora que nos tirava o pé e nos submergia na loucura acabou? Que o amor, a preocupação e o companheirismo evaporaram na chama dos conflitos e da monotonia?
Ou devo acreditar na sua história mal contada e culpar o seu trabalho e os compromissos urgentes?
Pensei que isto nunca me aconteceria. Que nunca seria a protagonista de uma novela cujo argumento é esquecido pelo meu herói romântico. Ou será que já não sou a protagonista nesta história que já foi minha?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Coisas de filha


Hoje duas das pessoas que mais amo e prezo fazem 40 anos que ataram os laços das suas vidas. Tenho a certeza que farão tantos mais anos quantos aqueles que viverem. Há 40 anos que vivem um amor incondicional e uma amizade plena e verdadeira, digna da inveja, até de Adão e Eva ou de Pedro e Inês. Apesar dos feitios invulgares e pouco fáceis, lá se vão entendendo, e caminhando a par e passo numa vida que nem sempre fora fácil, combatendo as vicissitudes e as maleitas que se avizinharam, dando lugar ao amor. Tenho um orgulho imenso nesta relação tantas vezes conturbada e discutida, (mas lá diz o ditado que casa que não ralhada não é bem governada) nem sempre exemplar, mas que pode servir de exemplo. Gostava de poder dar ao meu filho tudo o que este magnifico casal me deu e me proporcionou, mas gostava, especialmente, de lhe mostrar que os avós não são uma exceção. Que os casamentos podem e devem durar, que apesar das diferenças, dos antecedentes e dos ascendentes, fomos feitos essencialmente para amar. Que podemos sobreviver comendo sopa todos os dias, que podemos sobreviver num T0 mais pequeno que uma caixa de fósforos, que podemos sobreviver sem roupas ou ténis de marca, e toda essa parafernália materialista, mas que, nunca, jamais conseguiremos sobreviver sem amar.

Parabéns aos meus pais. Amo-vos do fundo do meu coração. Obrigada por tudo.

Coisas de mãe


O meu coração de mãe sente-se mais tranquilo, agora que vejo uma ligação mais forte entre o meu Di e o pai. Estava preocupada, pensava constantemente: “E se me acontece alguma coisa? O meu Di vai-se sentir totalmente desamparado. Ele só me quer a mim, só quer o meu colo, a minha companhia, a minha atenção dispensando todas as outras.” Agora que vejo aquela chamazinha a acender entre os dois fico mais sossegada. Sinto-me aliviada. Se me acontecer algo (espero que não, toc, toc, toc, bato na madeira 3 vezes), o meu Di já não se sentirá tão desamparado na companhia do pai, pois passou a reconhecê-lo como tal. Fico tão mais descansada, por saber que ficaria com alguém de quem gostasse. Só quem é mãe, compreende o que sinto.

quinta-feira, 24 de maio de 2012


Ontem dei comigo a pensar numa aula de português do secundário em que debatíamos o tema “Droga”. Lembro-me especialmente de uma colega, que no apogeu da sua autoconfiança, com apenas 16 anos de idade, disse: “Se eu tiver um filho toxicodependente, prefiro vê-lo morto a vê-lo nessas figuras.”

Nunca mais me esqueci da sua expressão convicta e arrogante de quem tudo sabe, de quem parece já ter vivido uma vida longa cheia de dificuldades e infelicidade. Pior que esta opinião imatura foi a minha digníssima aprovação.

Estúpidas! Burras! Envergonho-me até hoje. Quando somos adolescentes achamos que sabemos tudo acerca do mundo, acerca dos sentimentos, que o que já vivemos basta-nos para formar opiniões sobre a vida real, sobre esta profissão que tem tanto de compensatória como de exigente: ser mãe.

Que ingenuidade pensar-se que aos 16 anos pode-se saber o que faremos aos 30 ou aos 40. Que ingenuidade pensar-se que aos 20 anos já sabemos o essencial da vida. Aliás, nem aos 20, nem aos 30, nem aos 60, saberemos o que é o alimento mais saboroso da vida se nunca provarmos este doce sentimento que nos sacia o coração e nos alimenta a alma. Que nos dá força e poder, que nos mantém humildes e crentes perante a força de Deus.

 Quando penso no futuro do meu filho vejo-o casado ou solteiro, com filhos ou sem filhos, heterossexual ou homossexual, engenheiro ou bate-chapas, cantor ou actor, tanto faz, não importa as escolhas que tomar, as suas opções são assunto dele, o que apenas desejo é que seja essencialmente feliz e saudável.

Estarei lá sempre que ele necessitar de amparo e de amor redobrado, triplicado, quadruplicado. Tentarei impregnar a sua mente e o seu coração de afeto, de bondade e fé, pois são as armas mais preciosas para combater este mundo duro e cruel, cheio de armadilhas e embustes. Por isso afirmo com a firmeza destemida só de quem é mãe, que ficarei sempre do seu lado para o que der e para o que vier. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

Onde é que elas foram parar?


Em miúda e na adolescência era magríssima, assim para o escanzelado. Um montinho de ossos todos muito bem articulados. Movia-me com destreza e elasticidade. Na aula de educação física, e logo a seguir à minha amiga M, era a melhor nas cambalhotas e nos saltos de trampolim, já no futebol tentava esquivar-me das boladas que me derrubavam e me estragavam pose de Lady. Não era a miúda mais gira do colégio e nem tampouco a mais desejada. Desde cedo percebi que os homens preferem as roliças com chicha. Para meu desgosto a única coisa que sobressaía no meu corpo ossudo eram as minhas mamocas, redondas e rechonchudas que eu tentava a todo custo esborrachar atrás de um soutien que de tão apertado quase me sufocava. Eram o centro das atenções, chegavam a todo lado 1 segundo primeiro do que eu. Eram um cartão-de-visita embaraçoso, especialmente na praia. Deitada de barriga para cima, o meu corpo magro quase se confundia com a areia, não fossem as ditas que de tão empinadas mais pareciam o Empire State Building, a dobrar, um ao lado do outro, ali taco a taco.

Por volta dos 24 /25 anos o meu corpo começou a ganhar um novo formato. Sim, eu sei que foi um pouco tardio, comparativamente com as outras raparigas que por volta dos 14/ 15 anos já parecem a estrada de acesso à serra da Arrábida, cheia de curvas e contra curvas. Mas só quando comecei a praticar desporto e a gostar de fazê-lo, (gosto que se mantém até aos dias de hoje, mas que infelizmente não consigo concretizar por falta de tempo), é que efetivamente se verificaram resultados. De bacalhau seco e desenxabido passei a uma bela e magnifica sereia. Estou a brincar, desculpem a insolência. É claro que estou a exagerar. Obviamente não ousarei comparar-me com a linda e escamuda sereia Soraia Chaves com a sua barbatana vermelha no mar Vodafone. Bem pensando melhor, até existe algo em comum entre nós, para além da cor do cabelo, aquilo, ou melhor, aquelas que me causaram tantos complexos na adolescência mas que a ela lhe renderam tanto protagonismo. As mamocas pois claro, o que haveria de ser.

Tudo isto para resumir que hoje de manhã enquanto espalhava o creme pelo corpo reparei que as ditas que outrora me deram tantas dores de cabeça estavam menos rechonchudas, um pouco descaídas até.

Mas ca raios! Onde é que elas foram? – Pensei, incrédula enquanto me virava para o espelho para ver o que se passava.

Constatei, que de facto não estão tão rechonchudas, e os soutiens que outrora me assentavam que nem uma luva, estão um pouco largos.

Mas por que carga de água estarei a perder este atributo que ultimamente até achava graça? – Pensei, preocupada.

Nisto olho para o meu Di, que de dedinho em riste apontava para as ditas cujas e palrava um “mamamamamamama”, demonstrando a sua vontade de se saciar.

Pensei, pois bem ora aqui está a resposta à minha questão. Enquanto ele cresce, elas minguam!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Filhos - Helena Sacadura Cabral



Ontem de manhã estava a rodar canais e parei na TVI quando me pareceu ver a Helena Sacadura Cabral. Fiquei incrédula, dias após a morte do seu filho Miguel, e lá estava a Helena com o seu enorme sorriso, que tão bem a caracteriza, sentada entre o Mário Zambujal e a Júlia Pinheiro. Ainda pensei que o programa teria sido gravado, mas depressa a duvida se dissipou quando vi a palavra Directo.

Como conseguia a Helena estar ali em amena cavaqueira depois de tamanha perda? Pensei como me sentiria perante a perda de alguém que eu amasse muito. Mas nunca o meu filho. Isso para mim é impensável, não me consigo ver a sobreviver ao meu querido Di, e olhem que acredito que a nossa existência não acaba aqui. Acredito que somos seres essencialmente espirituais e que quando fisicamente nos extinguirmos nos encontraremos com os nossos mais queridos (e com os menos, também!) em alguma parte deste enorme universo. Mas prefiro ser eu a esperar por ele nesse tal lugar, que nunca ninguém viu, não vá o diabo tecê-las.

Pensei na morte do meu pai, da minha mãe, do meu irmão e do meu marido, as pessoas mais importantes da minha vida. Em como seria doloroso perde-los. Em tempos desejei morrer primeiro que todos eles, para não ter que passar por tanto sofrimento, mas após o nascimento do meu filho tudo mudou. Quero vê-lo crescer e tornar-se num homem essencialmente feliz, para além de tudo o que possa vir a conquistar.

Da incredulidade passei à admiração. Admirei a Helena pelo exemplo de força interior e especialmente pela doçura. Sim, acho que é preciso uma paz de espirito e uma força interior inabalável para se enfrentar a morte de um filho com tamanha doçura. É preciso já se ter vivido o bastante para se atingir o patamar que a Helena atingiu, é preciso conseguir aceitar a dor que a falta física nos proporciona e fundamentalmente, é preciso perdoar quem nos abandonou e decidiu partir, ainda que inconscientemente.

Só um aparte, acho que a Helena acredita que o diabo não vai tece-las! E quem acredita, consegue.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Família e outros que tais


Dizem que família não se escolhe, tem-se. Pois bem, mas se eu tiver a oportunidade de escolher a minha família na próxima encarnação, escolherei exactamente a mesma. Só mudaria os parentescos. Gostaria de ser mãe dos meus pais.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Amizades e relações


Hoje sonhei com a minha querida ex-amiga Vera. Conheci a Vera ainda éramos miúdas, de soquetes e joelhos arranhados, de canelas negras e totós desgrenhados. Brincávamos à apanhada e às escondidas. Corríamos na praceta, que olhava por nós como uma ama dedicada, empanturrávamos-mos de pão barrado com manteiga polvilhado de açúcar acompanhado de uma deliciosa caneca de leite com Nesquick. Já mais crescidas dividíamos amores platónicos entre actores e cantores pop e rock. Quando nos apaixonávamos era em dueto. Sempre pelo mesmo rapaz e dividíamos esse amor entre risos e gargalhadas, sabendo de antemão que nunca seria de nenhuma de nós. Éramos apenas duas catraias magricelas pouco atraentes enubladas pelas beldades roliças lá do bairro. Passávamos os três meses de férias de verão juntas e quando chegava mais um ano lectivo sonhávamos com as férias de Natal para voltarmos a partilhar a nossa vida, as nossas vivências, a descoberta do nosso pequeno mundo. A nossa amizade era verdadeira, estreita, íntima, sem filtros, nem falsidades ou mentiras. Éramos amigas a valer. De tão estreita convivência acho que até chegávamos a ser parecidas fisicamente, como os conjuges dos casamentos cinquentenários. Pelo menos houvera quem pensasse que éramos irmãs.

Tenho pena que esta amizade tenha chegado ao fim. Já passaram uns bons anos que não nos falamos, ou melhor que nem sequer nos vimos. Perdemos o contacto, perdemos os laços, desataram-se os nós das nossas vidas, outrora cegos, impossíveis de desatar. Hoje seguimos lado a lado em linha recta sem nunca nos cruzarmos. Tenho pena, tenho tanta pena. Sinto-lhe tanto a ausência. Faz-me falta a alegria, a seriedade, a postura assertiva, o companheirismo do membro mais importante da nossa minúscula irmandade. Assumo a minha culpa, assumo a desconsideração que lhe tive, assumo o fraco desempenho, assumo a minha parte nesta estúpida quezília infantil e insignificante. Todos os dias no meu mundo secreto, imagino que nos reencontramos e que refazemos a nossa amizade através de um longo abraço e que todos estes anos de ausência não foram mais do que um “ontem”, ou no máximo dos máximos uma “semana passada”, e que voltamos às gargalhadas, às confidências e ao companheirismo de outrora. Quem sabe se Deus não responderá aos meus desejos. Acredito que sim!


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Bom fim de semana

Deixo-vos com este senhor que me tem acompanhado nos ultimos dias. Único!

Milagre


Depois de uma manhã perdida às voltas no Blogger eis que se resolveu o problema. E ainda bem!, fico muito contentinha, mas também podia ter levado muito menos tempo. Assim que publiquei a mensagem de pedido de ajuda, voliá!, a  bendita caixa de comentários apareceu no post. Ou seja, as alterações que se efectuam só se verificam no próximo post publicado.

Raiospartam #$%&"


OH SENHORES! Alguém me acuda!! Acudam-me porque já não sei o que fazer. O raça do bloguer não quer mexa. Então não é que não me aparece a caixa de comentários por baixo de cada post! Não que receba muitos comentários, ou melhor nunca recebi nenhum, mas se a p#$& da caixa não aparece, aí sim, é que nunca receberei um único comentário. O mais caricato é que a maldita aparece nos posts até de 29 de Fevereiro, a partir dessa data evaporou-se de tal maneira que já dei voltas nas “definições” no “esquema” e nada da malvadona! O que faço?? Se alguém me lê, que me envie uma pequenina mensagem, o ideal seria com a resolução , mas um “olá estou aqui só para apoiar” também não seria mau!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A minha realidade


No sábado há noite depois das secantes lides domésticas e depois adormecer o meu filho, consegui finalmente, deitar-me e descansar um pouco. Não sabia o que tinha, sentia-me vazia e triste, sem saber porquê, sem motivo aparente. Liguei a televisão e comecei a rodar canais. Nada de jeito, nem sombras das minhas séries favoritas. “A televisão ao sábado é uma seca.” – pensei.  Também não me apetecia ler, na realidade não me apetecia nada ao mesmo tempo que me apetecia tudo. Sentia-me indecisa, vacilante e medrosa com a vida, com a minha vida, com o presente, com o futuro. Chorei. Chorei baixinho para não levantar suspeitas. Não queria ser ouvida nem questionada. Não queria responder porquê. Não saberia o que responder! Chorei até me apetecer. Chorei de tristeza e não de cansaço, como queria acreditar. Quando finalmente me recompus, peguei de novo no comado e voltei a rodar canais na esperança de encontrar algo que me fizesse rir e esquecer.

Vi a figura esquisita de uma mulher que falava sobre si mesma com o “Thunder Road” de Bruce Springsteen, como música de fundo. Uma das minhas músicas favoritas do meu cantor favorito de sempre. Era a Laddy Gaga. Nunca lhe achei muita piada, nunca lhe tinha dado muita atenção, achava-a esquisitóide, meio louca, freak, até. Mas naquele momento chamou-me a atenção pelo facto de ela estar a falar do Bruce Springsteen. Parei um pouco para ouvi-la. Falava acerca da realidade, falava acerca de verdades.

Escrever e falar acerca da nossa verdade, da nossa realidade sem suavidades, sem o floreado da fantasia, não é fácil. Não é nada fácil assumir, erros, defeitos, vícios, depressões, tristezas, fraquezas e infelicidades. Irmãos toxicodependentes, pais bêbados. Amores infelizes, casamentos desfeitos, relações desastrosas. Aliás, é difícil, é muito difícil! Preferimos adoptar o papel de mulher/ homem feliz e realizado, satisfeito com o amor e com o trabalho, e viver uma merda de uma vida fantasiosa, aparentemente perfeita. Preferimos viver escondidos, e camuflar os nossos verdadeiros sentimentos atrás de um sorriso mentiroso deixando para trás o coração e o espirito doentes.

Meu Deus, é tão difícil assumirmo-nos, assumir a nossa crua existência, assumir os outros, assumir os nossos, tal como eles são e não como desejaríamos que fossem. I’ts hard, it’s very hard. It´s hard to live in this “hard Land”, como diria o Bruce.

Ao ouvir a entrevista da Lady Gaga, vi-a tal como ela é. Pude-lhe sentir a crueza desnuda de preconceitos sem qualquer embelezamento. Era ela, simplesmente ELA. O seu espirito, a sua mente e o seu coração estavam ali naquele momento, colados ao seu corpo. Liberta de farsas, de mentiras e especialmente estava livre. Livre para poder sonhar. E era assim que ela via o Bruce, dancing in the dark, livre e verdadeiro, na sua vida, nas suas letras, nas suas canções. Percebi que só sendo genuíno e autêntico podemos partir à descoberta, podemos sonhar, só assim podemos vencer, só assim podemos ficar, só assim resistimos, só assim podemos SER só assim encontraremos o nosso caminho. Nessa noite assumi-me, assumi a minha verdade, assumi a minha realidade, assumi as minhas fragilidades sem fantasias nem falsidades. E assim, vou vencer. Tenho a certeza, que vencerei.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Paixão versus Amor


Há dias ouvi o Alvim dizer que prefere a paixão ao amor. Esta afirmação não me saiu da cabeça, durante o resto da noite. Revi-me e redescobri-me nela. Em segundos revi a minha vida e percebi tantas coisas que até então me pareciam incompreensíveis. De facto prefiro a paixão ao amor, prefiro o ardente ao morno. Não sou de meios-termos, quero o tudo ou o nada, o assim-assim não me agrada. Preciso da explosão, gosto da retaliação, irrita-me a mesmice. Necessito do sentimento arrebatador, ofuscante e viciante da paixão. Apaixono-me com facilidade, não interessa se por alguém ou por algo, se por um projecto ou um ideal, ou até por um livro ou uma música, isso não importa pois percebi que o que desejo é o sentimento de êxtase só sentido quando me apaixono.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Pipoca Mais Doce


A Pipoca Mais Doce é um dos meus blogs favoritos. Acompanho-o diariamente. Acho muita graça à Ana, espontânea e talentosa com ideias geniais e engraçadas, sempre com a resposta na ponta da língua pronta para impugnar posts de mentes invejosas e ressabiadas. Ontem fiquei muito feliz com a novidade do seu novo projecto. É sinal que, apesar das contrariedades os bons vencem. E ela bem merece.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Bem sei que...

(Imagem: Pinterest.com)

... ultimamente ando muito queixosa. Sinto-me triste pra caraças, pessimista com o futuro que se avizinha. E não, a crise, não tem nada a ver com isto. Não tem nada a ver com dinheiro, com trabalho, com contas para pagar, com carência, com privação. Nessa parte, estou muito bem. Haja saúde para o gastar. Tem tudo a ver com amor, com paz de espirito, com harmonia, com respeito… Acredito e defendo a velha máxima what goes around, comes around, e tenho a perfeita noção que a energia que actualmente envio para o universo não é de todo a que quero de volta. Contudo, não estou a conseguir melhorar, faço um esforço tremendo para ser optimista mas não consigo alterar a minha mente irrequieta e desobediente. Quando dou por mim lá estou eu de novo com pensamentos impróprios acerca da minha, da nossa vida. Nunca fui de medos, (só do escuro), de receios, sempre fui afoita, corajosa, audaz, destemida, mas hoje, sinto-me pequenina como um grão de areia, frágil como um copo de cristal. Quanto mais luto, quanto mais me esforço, menos recebo o que tanto anseio.
ACABOU, chega de lamechices, de queixumes, de merdices vou viver esta vida com alegria e com amor, pois que eu saiba e tenha a certeza, é a única que tenho. Chega de esforços, que estes não me levam a lado nenhum, vou viver com ligeireza esta oportunidade que me foi concedida sabe-se lá por quem ou porquê, e marcar a diferença. Vou apostar, invariavelmente, na acção correcta, na harmonia e especialmente, no Amor, pois é o que eu quero de volta. O AMOR.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Surpreendente

Sempre me meti na pele dos outros e, especialmente, sempre tentei tratar os outros conforme gostaria que me tratassem a mim. Acho que é o procedimento correcto e o segredo das relações duradouras. Mas parece-me que pouca gente sabe disto. Gostam de ser tratados com reverência mas tratam os outros com desdém. Cambada de narcisistas.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Por favor!!!

Nunca se sabe como é que o dia acaba. Acordo a cantarolar feliz da vida, cheia de energia e de amor para dar. O trabalho corre às mil e uma maravilhas, despacho a papelada toda, até dá vontade de fazer o pino. De regresso a casa apanho o filhotinho fofo na escolinha. Bem-disposto e simpático como sempre, fazemos o percurso a cantar e a gargalhar. Depois de toda esta felicidade rebenta a bomba. De repente parece que levei com uma granada na cabeça que me deixa zonza e verde de raiva.
Ó pá eu juro, eu juro que tenho feito o possível e o impossível para fugir desta gentalha de modo a viver em harmonia com os meus. Leio Joseph Murphy e Eckhart Tolle, (entre outros) medito, rezo, sigo os ensinamentos bíblicos, inspiro e expiro quatrocentas vezes, mas f@#%-se também não sou de ferro! Caramba! É pá desamparem-me a loja. Estou pelas pontas dos cabelos com esta gentalha altaneira que não se dá bem nem com o apreço nem com o desprezo. Mas o que me consola, é que acredito piamente naquela velha máxima que defende que o que damos recebemos de volta. Acredito mesmo.

terça-feira, 27 de março de 2012

Coisas do meu Di

Hoje de manhã quando deixei o nênê mais lindisnho dis mamãe recebi um grande elogio da professora. Reparou que o meu Di regressou destas mini férias forçadas, de molho por causa da varicela, muito mais calmo, menos traquina e muito sereno. Sempre muito observador e de olhar atento às explicações da professora.
O que o meu filhote cresceu numa semana! Quase, quase um adulto.  

segunda-feira, 26 de março de 2012

Primeiros passinhos


Ontem o filhote lindo e amoroso da mamã deu os seus primeiros passinhos. Infelizmente não presenciei a cena, mas o pai radiante desceu ao quarto para contar tamanha proeza do nosso pestinha.

Hoje...


... o meu Di lá foi para a escolinha todo contente. Depois de uma semana sem lá meter os pés receei que fizesse uma daquelas birras. Mas não, portou-se lindamente. Acho que já estava com saudades. Só peço a Deus que não se lembre de começar a morder as cabeças e a apertar as bochechas dos coleguinhas. Este fim-de-semana apanhou o hábito, que quando contrariado, nos arrepanha as bochechas ou nos tentar sacar dos olhos.

quinta-feira, 22 de março de 2012

E sai uma massagem Vichy para a mesa do lado

Sinto-me cansada, estupidamente extenuada. Esta semana tem dado cabo de mim. A varicela do meu Di, essa já era, as borbulhinhas já estão todas secas. Mas agora veio a tosse. Uma tosse tão forte que mais parece que lhe vão sair os pulmões pela boca. Com o sistema imunitário tão fragilizado tenho receio que ao voltar para a escola apanhe uma daquelas valentes constipações, ou uma outra doença qualquer. Por isso prefiro tê-lo comigo até ao final da semana e deixá-lo na escolinha só na segunda-feira. Até lá, tenho de ir trabalhando enquanto o embalo ou simulo a voz dos animais da quinta. (Ele adora que eu faça de pintainho) Até aqui nenhuma novidade, fi-lo durante os seus primeiros dez meses de vida, (agora percebo porquê que na altura parecia um esqueleto), mas agora o rapaz pequeno está mais irrequieto, curioso e aventureiro do que nunca. Sempre à espera de uma brecha para fazer o que lhe é proibido. À parte disto nada de novo, apenas mais do mesmo. Já agora, lembrem-me para na próxima encarnação escolher um marido órfão.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Feliz dia do Pai

 Admiro-o e amo-o. É uma das minhas maiores fontes de inspiração. Meu porto de abrigo, minha fortaleza, meu mundo.
Adoro-te
PS: Outras considerações ficam para mais tarde.

Fim-de-semana

Como era de prever o fim-de-semana foi do mais caseiro que possa existir. Não pelas melhores razões. O meu Di está todo pintalgado. A febre teima em não baixar, não obedece à medicação. O pediatra diz que está tudo controlado, mas o meu coração de mãe não sossega enquanto não o vir a 100%.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Confirma-se

O Sr. Filho tem mesmo varicela. L Está todo sarapintado, nem o nalguete escapa.  

Ligaram-me da escola:

- Tou sim é a mamã do Di.
- Sou.
- Olhe é só para dizer que o Di tá com varicela.
Impossible! Pensei. Tinha ido, há dias, levar a vacina do sarampo e alertaram-me que talvez lhe aparecessem umas manchas pelo corpo. Claro que pensei que fosse o caso. - Qual varicela qual quê! – Pensei.
Quando o fui buscar ao final do dia e o vi todo sarapintado com um ar tão tristonho, decidi que o melhor era confirmar o seria aquela borbulhagem.
No hospital demorámos apena 15 minutos a despachar tudo. Quando chegámos à triagem não mais nos deixaram sair para a sala de espera por perigo de contaminação.
Diagnóstico: Esperar que as borbulhas sequem e criem crosta. Até lá, Benuron para a febre e Atarax para as comichões. E, principalmente, nada de escola.
Esta última parte é que me cheira que já não há nada a fazer. Os pirralhinhos Já devem de estar todos contaminados. A ver vamos para a semana.
Antecipa-se um fim-de-semana de molho. Assim como o tempo.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Ando em modo “acelerado a guinar para a derrapagem”

Não tenho tido tempo nem para respirar! Crise??!! Qual crise? Aqui graças a Deus não há crise, é só trabalho. E do bom! O meu Di, esse anda nas sete quintas. Só à noite é que a porca torce o rabo. Desde aquele malfadado (ou bendito!) dia (Domingo 4 de Março), que o meu filhote tem pesadelos. Arrependo-me que ele tenha assistido a tamanha barbaridade, mas tudo há-de passar. O tempo tudo cura. Estamos tão melhor assim!  

sexta-feira, 9 de março de 2012

Moments

O ano 2011 foi marcado por grandes acontecimentos na minha vida, e tenho para mim que o 2012 vai pelo mesmo caminho. Um já lá vai.