terça-feira, 12 de maio de 2009

Kindle



Aqui há dias, no meu programa favorito, Oprha Winfrey Show, foi apresentado a ultima das inovações tecnológicas, a qual me deixou completamente estupefacta.


Chama-se Kindle e é nada mais, nada menos do que um aparelho com o formato de uma mini agenda onde podemos armazenar todos os livros, jornais, blogs e afins, que quisermos.

Para quem não sabe, e eu não sabia!, esta maquineta, pode albergar mais de 1500 e-books, cujo download é efectuado no site da amazon.com, directamente, através do dito gadget sem precisar de utilizar um computador.

- Fantastic! It’s Amazing! – Dizia a Ophra, já em êxtase.

Imagino a sua reacção se soubesse que 1 ano depois iria existir uma versão superior, do tamanho de uma folha A4 com uma capacidade de armazenagem de 4000 e-books, que por coincidência, ou não, foi lançado, no dia em que o seu programa foi emitido pela Sic Mulher, nunca esquecendo o delay de, pelo menos, 1 ano entre as emissões nos EUA e em Portugal.

Mas será assim tão, fantastic e amazing?! Então e todos aqueles livros que ocupam a minha estante dos quais tanto me orgulho de já ter lido? Aqueles que têm um monte de folhas de papel cheiinhas de letrinhas pequeninas?! Vão-se tornar objectos obsoletos sem qualquer valor monetário e até mesmo sentimental?!

Neste ponto, tenho de discordar da minha querida amiga que me acompanha noite após noite com o seu fantastic e amazing show.

Não gosto da possibilidade de um livro, seja ele qual for, vir a ser armazenado num cartão de memória do tamanho de uma chiclete e consequentemente substituído por uma geringonça electrónica.

Ler um livro é algo mais do que fixar a vista numa grande quantidade de letras miudinhas e clicar num botão para mudar a página! Ler um livro é poder viajar mais além e sonhar acordado, mas sempre com aquele peso nas nossas mãos, mesmo que por vezes se torne incómodo! É poder desfolhar cada folha e sentir o cheiro da sabedoria de outros tempos!

Melhor ainda, é poder sentir o cheiro de um livro acabadinho de sair da prateleira da livraria, onde esperava que alguém o levasse para casa e cuidasse dele como se fosse o único exemplar de uma obra ainda não revelada de Fernando Pessoa ou o manuscrito dos Lusíadas.

Este aparelho faz-me lembrar aquele cão electrónico que os Japoneses (Ou será que foram os chineses?! Já não sei! Estou confusa!), inventaram, e que agora não me lembro o nome. Podemos passear com ele, fazer festinhas e até ladrar, ele ladra! Mas não dá lambidelas quando estamos tristes, não nos aquece os pés no inverno e especialmente não nos dá amizade e amor que um seu congénere de carne e osso, dá.


Um aparelho destes é a mesma coisa que beber um batido de morango sem chantilly, ou comer um chocolate dietético. É bom. Não sabe mal. Mas não é estupidamente delicioso! Falta-lhe algo!

É verdade que o meu lado forreta e especialmente meu lado ambientalista me dizem que este aparelho não é algo totalmente disparatado. O preço de um e-book é bem mais em conta do que o de um livro tradicional. E com este aparelho, podemos poupar ao abate milhões de árvores, protegendo desta forma o nosso planeta, que já anda tão mal tratado.

Contudo, não considero estes factores suficientemente fortes para a substituição de um livro por um download! Podemos poupar as nossas árvores e afins, evitando outros produtos de papel que não os livros. Ou será apenas uma estúpida renitência minha face às novas tecnologias?!

Pois! Não sei! Também é verdade que não sou uma fervorosa adepta destes aparelhos de última geração. Ando com o mesmo telemóvel há mais de quatro anos e só mudo quando o dito tijolo, (que pesa como o caraças), se avariar. Não gosto de gastar dinheiro mal gasto! E só troco algo quando deixa de ter utilidade. Mas esta história fica para mais tarde.

Contudo, e após muita reflexão e análise, continuo a achar que um livro decora muito melhor qualquer estante do que uma geringonça prateada cheia de botões! Para não falar do ar intelectual que um livro dá a quem o passeia!

E eu, sempre gostei de intelectuais!

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