quinta-feira, 18 de junho de 2009

Este foi o texto que enviei para o concurso da activa do mês passado, o qual, para minha grande infelicidade e desolação, não ganhei! Vai-se lá saber porquê!

Casamentos, nascimentos, baptizados e afins, sempre apetrechados de opulentas máquinas fotográficas que ao mais leve click, de um dedito indicador, disparam flashes ofuscantes e contínuos, que nos deixam zonzos.

- Agora são os pais do noivo! – Exclama o fotógrafo, que dirige o desfile composto por modelitos Prèt-à-porter, comprados com alguns meses de antecedência, algures entre a Zara e a Lanidor, com o propósito de surpreender e impressionar os restantes convivas, do sexo feminino, que se olham de esguelha para não darem nas vistas, ao mesmo tempo que cochicham acerca dos sapatos da mãe da noiva.

Quem não tem uma caixa de sapatos cheia deste exemplares fotográficos, guardados para a posterioridade!? Ou, e tendo em conta a inovação tecnológica, uma pen de 4 GB com a memória completamente preenchida!? Todos temos! E no meu caso, que tenho uma família enorme, não só tenho várias caixas, como álbuns e molduras espalhados por toda a casa. Ora, são festas de aniversários dos amigos, ora casamentos das primas, baptizados dos afilhados, concertos do Roberto Carlos no salão Preto e Prata do Casino do Estoril, entre outros acontecimentos sociais e familiares.

Mas e aqueles momentos, ditos normais? Aqueles que pela simplicidade marcam toda a diferença, já que a vida é feita de coisas simples.

Aqueles em que trocamos afectos e carinhos, com os nossos pais, filhos, maridos, irmãos, amigos, etc., e que raramente são captados, por uma câmara fotográfica, mas que são tão mais importantes que aqueles momentos de pose forçada!

Aquelas tardes de verão passadas na esplanada da geladaria onde partilhamos um delicioso gelado que nos deixa o contorno dos lábios da cor de chocolate e que só nos damos conta, quando o nosso mais-que-tudo, com um gesto romântico e amoroso, limpa esses pequenos resquícios adocicados, o que nos deixa ainda mais apaixonadas!

Ou ainda, quando o nosso cão faz uma pirueta seguida de duas cambalhotas só para chamar a nossa atenção!

Confesso que momentos destes, são poucos os que tenho registados na memória da minha pen ou nas molduras espalhadas pela minha casa.

Falta de tempo; esquecimento; a mala é pequena e já não cabe mais nada lá dentro! Talvez sejam boas justificações para não levar o MP3 ou o estojo da maquilhagem, mas nunca deverão ser utilizadas, em momento algum, para justificar a ausência de uma máquina fotográfica, porque cada momento é único e, infelizmente ou felizmente, qui çá, a vida não tem o botão de rewind como os comandos dos, já, obsoletos leitores de vídeo, ou dos actualíssimos DVD’s em que podemos escolher a faixa que gostaríamos de reviver!

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