terça-feira, 30 de junho de 2009

Parabéns a nós!

O passado dia 26 de Dezembro, há precisamente seis meses, virei mais uma página do livro da minha vida! Não foi uma página qualquer igual a tantas outras, esta foi talvez a mais importante de todas! Aquela em que se muda também de capitulo.Juntei todos os meus trapinhos, meti-os dentro da minha travel bag da Benetton, porque ainda não tenho rendimentos para uma Louis Vuitton, e parti em lua-de-mel nos braços do meu amor, no encalço de uma vida a dois com tudo a que isso tem de direito. Não passeámos de mão dada, pelos Jardins do Château de Versailles, nem tampouco tivemos um final de tarde escaldante, no topo do Empire State Building, daqueles que nos confundem os sentidos e nos invertem a rotação dos eixos, conforme tinha planeado e sonhado, como todas as noivas apaixonadas. Ao invés disso, passámos a nossa lua-de-mel numa aldeola tosca e gelada situada na Beira Baixa, algures entre Castelo Branco e a Serra da Estrela, que se chama Medelim. E desde já, informo que, apesar das semelhanças linguísticas com a célebre cidade Medellín na Colômbia, onde se situava o famoso cartel da droga, Pablo Escobar nada tem a ver com Medelim de Portugal. Medelim é uma aldeia pacata, no meio de nenhures, onde o acontecimento mais importante é a festa da Nossa Senhora do Calvário, que tem lugar no ultimo fim-de-semana de Agosto, e que por sinal é uma grande seca!

Depois de uma lua-de-mel pouco glamorosa, mas muito romântica, pusemo-nos a caminho, rumo ao nosso “ninho de amor”. Foi uma noite e tanto, aquela em que pela primeira vez, dormimos na nossa nova casa, no nosso novo quarto, na nossa nova cama e nos menos novos, e já usados, lençóis que a minha mãe me emprestou e que eram meio metro mais curtos que o colchão. Como se não bastasse o frio que passámos em Medelim, também a nossa casinha se revelou numa pequena filial de Yakutsk (a cidade mais fria do mundo). E não havia amor que conseguisse aumentar a temperatura! Os primeiros dias vividos na nossa nova casa foram longos, quase intermináveis, difíceis e espinhosos! Para além das saudades do convívio e do calor familiar, o frio era desolador, desesperante e até mesmo deselegante, fazendo de mim uma imitação rasca das bonecas matrafonas. Para além dos dois edredões que cobriam a nossa cama, por cima do pijama, ainda vestia uma camisola de lã de gola alta, robe e meias grossas, revelando-me numa noiva pouco sexy e atractiva.
Depois de uma pesquisa exaustiva e de compras infrutíferas de aquecedores, radiadores e outros que tais, chegámos à conclusão que o ideal seria um potente ar condicionado, que transformasse por completo as nossas vidas. Depois de várias visitas de técnicos especializados (diziam eles!), com opiniões bastante diferenciadas relativamente à potência da dita máquina, finalmente decidimos por um maquinão capaz de provocar o degelo no Pólo Norte. A partir desse dia, o sol nasceu para nós e fez-se primavera lá em casa! O meu querido deixou de ligar o secador para aquecer a casa de banho antes do seu duche matinal e nunca mais falou em dormir na garagem, que tinha uma temperatura notoriamente mais agradável que a nossa casa. Eu deixei de visualizar o meu próprio bafo, o meu nariz deixou de pingar e o seu tom rosado desapareceu. Viva a primavera! Viva!

Contudo, as nossas dificuldades pós-nupciais não se ficaram por aqui. Eu e a panela de pressão não nos entediamos de maneira nenhuma, até ela se revoltar e atirar com a canja de lá para fora, numa explosão ruidosa de massa e frango que se colaram aos azulejos e ao tecto. A máquina de lavar a roupa resolveu aproveitar o embalo e também ela manifestar o seu descontentamento expelindo toda a água que continha, inundando a minha magnífica cozinha. Isto tudo, só porque, ficou presa entre o óculo e a máquina, uma minúscula peça de roupa, que agora não vou divulgar qual! Muito sensível esta maquineta, não!?

Enfim, tivemos um começo de vida um tanto ao quanto atribulado. Contudo, a normalidade imperou e hoje vivemos dias de paz aliados a momentos de louca e avassaladora paixão, qual lua-de-mel prolongada. Ah!, tirando os dias em que nos chateamos porque o fulano está muito mal habituado e não quer participar nas lides domésticas! Mas essa parte fica para outras núpcias.

No final de contas, o que interessa, é que cada momento valeu e vale a pena. (Mesmo aqueles menos abençoados!) Estou a adorar esta nova fase da minha vida. Ou melhor, esta nova fase das nossas vidas! Espero e desejo, veemente, que esta história se prolongue até ao ultimo capitulo dos nossos livros e que termine daqui a noventa anos com um: “E foram felizes para sempre!” ou um “Até que a morte os separe!”.

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