quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sr. Di o birrento.


Sr. Di, meu filho, está a atravessar uma fase complicada, ele é birras desde que acorda até que se deita. Este meu rapaz pequeno anda levado da breca. É birra para ir tomar banho, é birra para sair da banheira, é birra para ver os nés (tradução: bonecos), é birra porque os nés acabaram, é birra porque não quer aqueles nés, é birra porque não quer ir para a mesa jantar, é birra porque quer ir no carro do avô, é birra porque de manhã não quer ir para a escola, é birra para ficar na escola… aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, a minha vida com este minorca meio palmo de gente autoritário, birrento e teimoso.
Ontem estava uma noite fantástica, quente com cheiro a verão. Jantámos cedo e porque não irmos passear a Nini (o nosso elemento familiar da raça canina) e dar uma voltinha no parque? – pensei, olhando o meu pequeno e adorado pestinha  Assim foi, lá fomos nós. Escorregou vezes sem conta em todos os escorregas, um deles deixava-lhe o cabelo em pé com a eletricidade estática, (ficava tão engraçado!), também andou no baloiço e em todos os outros divertimentos. As outras mães ficavam estupefactas com a tamanha agilidade deste meu rapaz pequeno de apenas dois anos. Não subia o escorrega pelas escadas mas pelo próprio escorrega, baloiçava numa barra qual macaco na amazónia, corria, escorregava, baloiçava, ria, ralhava com quem fizesse festinhas na Nini, porque a Nini é sua propriedade e ninguém tem autorização para lhe tocar, enfim nenhum dos outros miúdos, e todos eles eram mais velhos que o meu Di, conseguiam fazer metade do que ele fez ou tinham metade da sua energia.
 Depois de uma hora e meia de escorregas e baloiços decidi que eram horas de regressarmos a casa. Comecei a mentalizá-lo que devíamos ir embora e que aquela seria a ultima vez que escorregaria. Aqui foi a pior parte!
Resultado: enfiou-se na plataforma dos escorregas e não descia. Nem às minhas chantagens ele cedia “olha a mãe vai embora com a Nini e tu ficas aqui sozinho” ou “olha o avô está à nossa espera” e a melhor de todas “olha o parque vai fechar, o Sr. Porteiro vai fechar a porta e depois ficamos cá trancados”. Algum tempo depois lá desceu, porque já não aguentava mais tempo sem escorregar. Assim que o apanhei a jeito, e já passava das 10 da noite, dei-lhe a mão e encaminhei-o para fora do parque. Começou a birra. Uma birra transcendental, memorável, que jamais esquecerei. Debaixo do olhar dos vizinhos que passeavam pelo bairro áquela hora, senti-me tão envergonhada, mas tão envergonhada… tive de carregar com aquele pestinha ao colo até a casa com ele a espernear e não me safei de uma valente mordidela que me deixou o braço negro. Em alguns olhares vi reprovação, fui a má da fita, a vilã, a madrasta impaciente, noutros vi a compreensão e senti-lhes no olhar a piedade do “sei bem o que isso é, o meu também já foi assim.”
Conclusão: Sr. Di está de castigo, hoje não há nés para ninguém e não mete os pés no parque tão cedo.
Com tanta qualidade que o pai tem, pois o meu rapaz pequeno logo tinha de herdar o maior defeito do meu amor grande, a teimosia.

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