quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Vivo na minha casa desde 2008...

... mais precisamente desde o dia 26 de Dezembro de 2008. Nunca esquecerei as lágrimas que o meu pai tentou esconder quando nessa manhã saí de casa para começar uma vida nova com o meu amor maior. Também a mim me doeu sair do ninho, sair debaixo da sua asa protectora. Tinha medo do desconhecido. Quem não tem?
Bem, mas esta história ficará para outras núpcias, o que aqui quero dizer é que desde 2008 que vivo na minha casa e que esta está como no primeiro dia em que a habitei. DES-PI-DA! Completamente nua. Primeiro, porque não tínhamos dinheiro, a mensalidade do empréstimo levava-nos uma boa parte das nossas remunerações. Convenhamos que com 900€ de renda e com ordenados não muito altos, era difícil pensar sequer em gastarmos dinheiro na decoração da casa. Tínhamos o indispensável, móveis na sala, sofás, TV, mobília de quarto, pratos, talhares, tachos, panelas, 2 jogos de toalhas de casa de banho e 2 conjuntos de lençóis. Não era grande quantidade, mas conseguíamos sobreviver dessa maneira e gostávamos,” afinal de contas o que conta mesmo é o amor que nos une, o resto virá por acréscimo” pensava, e ainda continuo a pensar. Também é verdade que podíamos ter ido ao IKEA comprar uma boa quantidade de bibelôs e tecidos e espalhar tudo lá por casa. Mas acontece, que de todas as vezes que fui e vou ao IKEA vim e venho de lá sempre com um sentimento de vazio, “não gosto de nada”, penso triste. Para além das molduras, dos talheres e da mobília de quarto do meu rapaz pequeno, nunca achei graça a nada.
Bem, adiante, depois a Euribor baixou e saímos de uma renda milionária para uma renda capaz, o meu homem mudou de emprego e melhorámos sobejamente as nossas finanças. Contudo, neste novo emprego, foi parar a um projecto no Porto, em que partia à segunda e regressava à sexta. Eu regressei às origens (alegria no rosto do meu pai!), e encontrávamos-mos à sexta-feira à noite para nos despedirmos no Domingo. Ele vinha cansado e eu cansada estava, utilizávamos os fins-de-semana para matarmos saudades e para namorarmos, nomeadamente no nosso lugar de eleição, longe de casa. Nesta altura tínhamos dinheiro para gastos supérfluos mas não tínhamos vontade nem tempo. Entretanto engravidei e dei prioridade à visita que se fazia adivinhar. O importante, era preparar tudo para receber o nosso bebé com todas os requisitos e formalidades. Comprei roupas e todos os acessórios e apetrechos que o nosso bebé necessitaria quando decidisse dar o ar da sua graça.
 Depois do nascimento do meu Di a minha vida deu uma reviravolta, o seu primeiro ano de vida foi complicado, o rapaz pequeno chorava vinte e quatro horas por dia. Nenhum dos apetrechos com que me preocupei em compra-lhe antes do seu nascimento o satisfaziam. Qual brinquedo, qual cadeirinha de baloiço, o que ele gostava mesmo era de chorar e de resmungar. O rapaz pequeno ia dando comigo em doida, não tinha cabeça nem tão pouco paciência para cortinados, bibelôs e afins. Quando as coisas acalmaram um pouco e o meu Di  passou a choramingar só 12h por dia, porque as restantes passava a dormir, e eu já tinha alguma energia para pensar e receber informação acerca de tecidos, cores e apetrechos de decoração, pimbas o meu homem recebe um projecto na Bélgica. Partia à segunda e a regressava à quinta. Isto durou um ano e mais qualquer coisa. Eu e o meu Di regressámos de novo para casa dos avós, ele todo contentinho e eu toda contentinha por eles, com o meu projecto de decoração a ir pelo cano abaixo.  
Entre todas estas idas e vindas houve momentos em que tive vontade de meter a mão na massa e iniciar este projecto antigo. Sinto falta de um ambiente confortável entre aquelas paredes despidas de vida, mas fui sempre dissuadida pelo meu homem. Quando lhe dizia “encontrei uns cortinados giros cá para casa”, ele contestava com um “deixa ver se encontramos outros mais giros” ou “porque não esperamos pelos saldos?” Não sei porquê, mas estas palavras eram suficientes para perder o ânimo e a vontade de fazer fosse o que fosse.
O meu homem é uma jóinha de moço. É sim senhor. Tem muitas qualidades. Tem sim senhor. Mas um dos seus maiores defeitos é a indecisão. É sim senhor.
Esta semana tomei a decisão de reaver o meu projecto de decoração e já comecei a pôr a mão na massa. Ontem comuniquei-lhe que já tinha escolhido o papel de parede que iremos colocar na sala, ele veio logo com a conversa de que tinha visto numa loja no Parque das Nações, uma solução muito engraçada que se adaptaria muito bem à nossa sala e que gostava de lá ir ver melhor antes de tomarmos uma decisão.
“Isso é que era bom, não penses que desta vez me demoverás da minha decisão. Só te dou até ao fim-de-semana, para lá irmos ver essa tal magnifica solução, sobre a qual nunca me falaste. Se não formos, na segunda-feira encomendo o papel de parede.”
Está decidido, até ao final do ano vou dar um novo look à minha casa que precisa com urgência de cor  Ai vou, vou. 

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